Folha de S. Paulo


Dilma Pena: Todos pela água

A água está na ordem do dia. A grave crise hídrica que estamos enfrentando, e que tem se manifestado de forma especialmente dramática no Estado de São Paulo, tornou cada cidadão mais consciente, participativo e interessado na preservação desse recurso escasso. A Sabesp também tem cumprido a sua parte e com a colaboração dos paulistas estamos conseguindo enfrentar a mais aguda escassez de água dos últimos 85 anos.

Nesses últimos quatro anos, demos passos importantes para honrar a missão de universalizar os serviços de água e esgoto na nossa área de atuação. Até meados deste ano, todas as sedes de municípios do interior atendidas pela Sabesp estarão servidas com 100% de água, no mínimo 95% de coleta e todo o esgoto coletado tratado.

Até 2020, a estrutura de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos também estará completa no litoral e na região metropolitana de São Paulo.

Desde 2011, 105 estações de tratamento de esgoto foram construídas no interior, capazes de tratar 5,2 mil litros por segundo, promovendo melhoria expressiva na qualidade de vida da população e trazendo ganhos diretos ao meio ambiente. Extensos trechos de rios como o Paraíba do Sul e até o Tietê estão ora livres de sujeira e, como parte do programa Onda Limpa, diversas praias foram despoluídas.

Tais resultados também devem tributo a algo raro no serviço público brasileiro: a sucessão de gestões altamente profissionalizadas na companhia nas duas últimas décadas. Esse é um traço que perpassa a história da Sabesp desde a gestão Mario Covas até hoje.

Esse modelo de gestão segue no mesmo caminho com a indicação de Jerson Kelman para presidir a companhia. É a demonstração de que uma empresa pública pode, sim, ser produtiva, lucrativa, eficiente e, sobretudo, atender melhor o seu maior cliente: o povo.

Entretanto, nem todo planejamento é capaz de dar conta daquilo que só a natureza controla. Estamos vivendo hoje a mais severa estiagem de que se tem registro na região Sudeste e, especialmente, em São Paulo. A seca iniciada no verão de 2013/2014, infelizmente, ainda não está superada. Desde 1930, nunca choveu tão pouco no Estado e, em particular, na bacia do Alto Tietê. São os efeitos das mudanças climáticas se manifestando.

Aos primeiros sinais da escassez hídrica, ainda em dezembro de 2013, a Sabesp agiu e pôs em marcha um plano de contingência na região metropolitana de São Paulo baseado em três vertentes.

São elas: concessão de bônus para quem reduz o consumo de água, transferência de vazões entre sistemas de abastecimento (deixamos de retirar 13 m3/s do Cantareira, o equivalente a um terço do registrado em condições normais) e intensificação das ações para redução de perdas, objetivo que a empresa já persegue de maneira sistemática desde a década passada.

A estratégia fez com que, até agora, as 20 milhões de pessoas da Grande São Paulo atendidas pela companhia não sofressem descontinuidade no abastecimento.

A companhia tem importantes intervenções apontadas para o futuro, como a implantação do novo Sistema Produtor São Lourenço, já em andamento, e cinco novos empreendimentos a serem iniciados no primeiro semestre de 2015. Juntos, aumentarão a disponibilidade hídrica na região metropolitana em 25 m3/s.

Esse volume poderá abastecer ininterruptamente 7,5 milhões de pessoas, mais do que a população da cidade do Rio de Janeiro.

A adesão dos paulistas tem sido fundamental: 78% dos clientes alcançados pelo programa de concessão de bônus reduziram o consumo e apenas 1 em cada 5 continua gastando mais água do que a meta.

Como parte do enfrentamento da crise, a partir deste mês, quem consumir mais do que a meta pagará uma conta mais alta. É justo porque neste momento de aguda falta de água a participação tem que ser de todos. Até porque somos todos parte do problema e temos que ser todos parte de sua possível solução. Vai dar certo.

DILMA PENA, geógrafa, é diretora-presidente da Sabesp. Foi secretária de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (gestão José Serra)

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