Folha de S. Paulo


Japão adverte Coreia do Sul sobre acordo das 'mulheres de conforto'

Jung Yeon-je/Associated Press
South Korean Foreign Minister Kang Kyung-wha speaks before a briefing of a special task force for investigating the 2015 South Korea-Japan agreement over South Korea's
Kang Kyung-wha, ministra das Relações Exteriores sul-coreana, fala sobre a força-tarefa que investiga o acordo sobre as "mulheres de conforto"

O Japão disse nesta quarta-feira (27) que qualquer tentativa da Coreia do Sul de revisar um acordo de 2015 firmado para resolver uma disputa a respeito das "mulheres de conforto", forçadas a trabalhar nos bordéis japoneses nos tempos de guerra, tornaria as relações "inadministráveis" depois de Seul dizer que o acordo fracassou.

A ministra das Relações Exteriores sul-coreana, Kang Kyung-wha, pediu desculpas pelo pacto controverso nesta quarta-feira, quando uma comissão que investigou as negociações que levaram ao acordo divulgou seus resultados.

A investigação concluiu que a disputa relativa às "mulheres para conforto", um eufemismo japonês para as milhares de meninas e mulheres, muitas delas coreanas, obrigadas a trabalhar em bordéis nos tempos de guerra, não pode ser "fundamentalmente resolvida" porque a exigência de compensação legal das vítimas não foi atendida.

A Coreia do Sul quer que o Japão assuma a responsabilidade legal e providencie a devida indenização.

O chanceler japonês, Taro Kono, disse que o acordo de 2015, que inclui um fundo equivalente a US$ 8,8 milhões para ajudar as vítimas, resultou de "negociações legítimas", alertando que qualquer emenda poderia complicar as relações.

"Se [a Coreia do Sul] tentar revisar o acordo que já está sendo implementado, isso tornaria os laços do Japão com a Coreia do Sul inadministráveis, e isso seria inaceitável", disse Kono em um comunicado.

Kang se desculpou por "causar feridas nos corações das vítimas, suas famílias, a sociedade civil que as apoia e todas as outras pessoas porque o acordo não conseguiu refletir suficientemente uma abordagem orientada para as vítimas, que é o padrão universal para se resolver questões de direitos humanos".

Conforme o pacto, endossado pelo antecessor do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e pelo premiê japonês, Shinzo Abe, o Japão pediu desculpas às ex-mulheres de conforto e providenciou o fundo para ajudá-las.

As partes concordaram que a questão seria "resolvida irreversivelmente" se ambos cumprissem suas obrigações.

O governo da Coreia do Sul estudará o resultado da investigação e o traduzirá em políticas depois de consultar as vítimas e grupos civis que as apoiam, informou Kang.


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