Folha de S. Paulo


Empresa responsável por dossiê sobre Trump faz 'jornalismo de aluguel'

Pablo Martinez Monsivais/Associated Press
Glenn R. Simpson, co-founder of the research firm Fusion GPS, arrives for a scheduled appearance before a closed House Intelligence Committee hearing on Capitol Hill in Washington, Tuesday, Nov. 14, 2017. (AP Photo/Pablo Martinez Monsivais) ORG XMIT: DCPM115
Glenn Simpson, ex-repórter investigativo e fundador da Fusion GPS

A Fusion GPS se descreve como firma de investigações corporativas, mas sob muitos aspectos opera com o sigilo de uma agência de espionagem.

Nenhuma placa identifica sua sede, no andar de cima de um café na zona noroeste de Washington. Seu site na internet é composto de duas sentenças e um endereço de e-mail. Sua lista de clientes é mantida em segredo.

A firma pequena tem estado sob o olhar atento do público por ter produzido o documento de 35 páginas conhecido como o dossiê Trump. Executivos seniores convocados para depor diante do Congresso em outubro evocaram seu direito de não se autoincriminar, garantido pela Quinta Emenda, e a firma está resistindo a uma intimação do Congresso exigindo que apresente documentos bancários que revelem quem lhe pagou por seus serviços.

Mas centenas de seus documentos internos aos quais o "Washington Post" obteve acesso revelam como a Fusion, empresa liderada por ex-jornalistas, vem usando técnicas de jornalismo investigativo e conexões com a mídia para fomentar os interesses de uma lista eclética de clientes de Wall Street, do Vale do Silício e de Washington. A Fusion GPS exerceu papel oculto em notícias que dominaram as manchetes nos últimos anos.

Nos anos antes de produzir o dossiê sobre Trump, a Fusion trabalhou para suavizar reportagens agressivas sobre a empresa de equipamentos médicos Theranos, que mais tarde revelou ter problemas com sua tecnologia inovadora para realizar exames de sangue. A Fusion também foi contratada para evitar o escrutínio da empresa de suplementos nutricionais Herbalife, que acabou pagando US$ 200 milhões a distribuidores para resolver disputas com reguladores.

Em outro caso, a Fusion GPS procurou expor o que descreveu como "manobras escusas" de um concorrente de um museu em San Francisco proposto pelo cineasta George Lucas, diretor de "Star Wars". E ela buscou informações sobre disputas domésticas envolvendo um ex-prefeito de Beverly Hills, Califórnia, como parte de uma investigação sobre um projeto imobiliário proposto ao qual o prefeito dera seu aval.

Documentos revelam que outros alvos anteriores de investigação da Fusion incluíram as grandes empresas de tecnologia Google e Amazon, os candidatos presidenciais de 2012 Mitt Romney e Barack Obama e os senadores republicanos Ted Cruz (Texas) e Bob Corker (Tennessee). (O executivo-chefe da Amazon, Jeff Bezos, é dono do "Washington Post").

A Fusion deu nomes de código a seus projetos (muitos eram nomes de cidades do Texas e Maine) e evitou identificar seus clientes em seus documentos internos, dificultando a identificação dos pagadores das investigações. Para minimizar suas pegadas públicas, ela também pagou terceiros para colher informações públicas em tribunais, delegacias de polícia e órgãos federais.

A revisão feita pelo "Washington Post" traz um vislumbre das táticas que possibilitaram a ascensão da Fusion no setor crescente e sigiloso das investigações oposicionistas e inteligência corporativa. A revisão traz um amplo apanhado do trabalho da Fusion, no momento em que a empresa está sendo examinada por setores que querem avaliar a confiabilidade do dossiê sobre Trump; além disso, traz à tona o uso de métodos que têm sido criticados por alvos das pesquisas da empresa, entre os quais o presidente Trump.

O trabalho da Fusion com o dossiê Trump ultrapassou o âmbito de pesquisas oposicionistas ordinárias, o tipo que pode se debruçar sobre o histórico legislativo passado de um cliente ou suas gafes embaraçosas, algo que é conhecido no setor como "votos e aspas". Em vez disso, a empresa pagou um ex-espião britânico para compilar informações obtidas de fontes russas não identificadas.

Apenas um punhado de documentos aos quais o "Post" teve acesso diz respeito à investigação de Trump durante a eleição de 2016, um projeto que recebeu o codinome "Bangor" e foi financiado em parte pela campanha de Hillary Clinton.

A Fussion se negou a comentar casos específicos ou a identificar clientes, mas disse em comunicado à imprensa que tem "orgulho de nossa metodologia e do rigor de nossas pesquisas, demonstrado amplamente pelos documentos citados pelo 'Washington Post'. Elas evidenciam o que sempre dissemos: que nosso 'molho secreto' é a análise exaustiva e cuidadosa de informações públicas."

O comunicado disse ainda: "A razão por que somos tão eficazes é que trazemos à tona fatos que resistem à verificação. É presumivelmente por isso que ainda hoje, mais de um ano depois, estamos falando do nosso trabalho que detalhou os vínculos entre a campanha de Trump e a Rússia."

Glenn Simpson, ex-repórter investigativo respeitado com experiência de investigação de crimes financeiros e corrupção na Rússia e outros países, deixou o "Wall Street Journal" em 2009 para fundar uma firma de investigações com Susan Schmidt, jornalista do "Washington Post" duas vezes premiada com o Pulitzer. Sem Schmidt, Simpson criou a Fusion GPS no ano seguinte, formando uma parceria com um ex-editor do "Wall Street Journal", Peter Fritsch, e um ex-funcionário do Tesouro americano.

"Descrevo o que fazemos como jornalismo de aluguel", disse Simpson, 53 anos, em agosto do ano passado no Festival e Simpósio de Cinema Investigativo Double Exposure, em Washington, onde descreveu o trabalho de sua empresa num evento intitulado "Investigações com uma Agenda".

Simpson disse que a Fusion tem cerca de dez funcionários. Documentos internos mostram que a empresa já trabalhou com uma grande gama de casos, incluindo casos ligados a dispensatórios de maconha, profissionais de saúde, um funcionário estatal de seguros e até uma associação de proprietários de imóveis residenciais na Flórida.

Além disso, a Fusion já defendeu discretamente causas e projetos que são caros a clientes ricos e famosos.

Em abril de 2014 George Lucas queria construir um museu de artes culturais em um terreno federal conhecido como Presidio, ao lado da ponte Golden Gate, em San Francisco. O museu era uma de três propostas que estavam sendo analisadas por uma agência federal conhecida como Fundação Presidio.

Um cliente da Fusion (não identificado nos documentos aos quais o "Post" teve acesso) desconfiou que a agência estivesse tentando obstruir o museu proposto por Lucas.

"Queremos entender de onde está vindo esta resistência e o porquê dela", escreveu Fritsch em e-mail a seus colegas da Fusion. Ele disse ainda no e-mail que "o cliente quer expor as manobras escusas" de uma ONG que estava competindo com Lucas pelo direito de construir no terreno. A investigação recebeu o codinome "Tyler".

Ron Conway, um dos maiores investidores em start-ups do Vale do Silício e defensor declarado do museu proposto por George Lucas, foi copiado em e-mails subsequentes sobre o custo da pesquisa. Perguntado pelo telefone se foi ele quem contratou a Fusion, Conway respondeu: "Nada a declarar".

Nos nove meses seguintes, um profissional contratado pela Fusion inundou a Fundação Presidio e outra agência federal com dezenas de solicitações de documentos diversos ligados a membros do conselho de direção e um consultor que estavam julgando as propostas —relatórios de despesas, formulários de ética, contratos de trabalho e outros documentos.

Em fevereiro de 2015, enquanto a Fusion ainda estava à espera dos documentos, Conway mandou um e-mail a Fritsch com um link para uma reportagem do "San Francisco Chronicle". Era sobre uma petição assinada por celebridades como o ex-jogador de futebol americano Joe Montana e o artista de hip-hop MC Hammer, pedindo à Fundação Presidio que divulgasse alguns dos mesmos documentos solicitados pela Fusion.

"Já demos o pontapé inicial!", escreveu Conway. Fritsch encaminhou o e-mail a outros executivos da Fusion e comentou: "Maravilha!"

Não está claro se o esforço teve o efeito desejado. A Fundação Presidio acabou por rejeitar todas as três propostas. Uma porta-voz de George Lucas disse ao "Post" em comunicado que o cineasta "não tem conhecimento de qualquer investigação realizada pela Fusion GPS". Um porta-voz da Fundação Presídio não respondeu a mensagens do "Washington Post" pedindo declarações.

Os documentos revelam que em algumas ocasiões a Fusion já empregou táticas intransigentes.

No ano passado seus investigadores miraram contra uma proposta polêmica de construção de um hotel e edifício residencial de US$1,2 bilhão em Beverly Hills, no coração de uma das áreas mais ricas do país. A investigação recebeu o codinome "Gray".

O cliente da Fusion não foi identificado nos documentos vistos pelo "Washington Post", mas os papéis mostram que a Fusion investigou as atividades da construtora chinesa responsável pelo projeto, Wanda Group, em Beverly Hills e outras cidades americanas.

Como parte de sua pesquisa, a Fusion atacou um partidário declarado do projeto em Beverly Hills, o então prefeito John Mirisch, conforme mostram os registros. A Fusion procurou boletins de ocorrência ligados a disputas domésticas ocorridas entre 2008 e 2010 envolvendo o prefeito e sua ex-esposa.

Quando a prefeitura hesitou em lhe dar acesso a alguns dos boletins de ocorrência, um profissional a serviço da Fusion moveu uma ação contra a prefeitura. Nem os pedidos de divulgação de informações públicas nem a queixa legal mencionam o nome da Fusion. A ação foi movida pelo ex-jornalista Russell Carollo, descrito nos documentos do tribunal como consultor de registros públicos.

O executivo da Fusion Jason Felch, ex-repórter investigativo do "Los Angeles Times", enviou e-mail a Carollo em 21 de julho de 2016 com um comunicado que ele poderia transmitir a jornalistas que procurassem informações sobre a ação judicial. O comunicado sugeria que o prefeito talvez tivesse se posicionado a favor do projeto do Wanda Group porque devia um favor a um chefe de polícia aposentado que trabalhava para uma firma que estava fazendo lobby junto à prefeitura em favor do hotel. O comunicado argumentava também que o público tinha o direito de ter acesso a documentos envolvendo o prefeito.

Quinze dias mais tarde Carollo foi citado no jornal local, "The Beverly Hills Courier", sob a manchete "Jornalista premiado com o Pulitzer solicita a tribunal informações públicas sobre disputas domésticas entre o prefeito e sua ex-esposa".

Em entrevista, Mirisch disse que não fazia ideia de que a Fusion estava por trás da nova investigação sobre brigas domésticas ocorridas anos antes. "Foi política suja e desinformação", disse Mirisch, hoje vereador da cidade.

Carollo disse em entrevista que trabalhava para a Fusion e que a empresa lhe pediu para mover a ação judicial. Em comunicado à imprensa, a Fusion escreveu: "Nossas diretrizes proíbem nossos funcionários ou profissionais a nosso serviço de se descreveram incorretamente como jornalistas ou qualquer outra coisa".

Um representante do projeto de hotel em Beverly Hills, que ainda está em fase de planejamento, se negou a dar declarações. O chefe de polícia aposentado, Dave Snowden, disse em entrevista: "Ouvir isso, que o prefeito me devia um favor, é um absurdo evidente".

A Fusion insiste que não faz trabalho de relações públicas nem anuncia suas ligações com a mídia para potenciais clientes. Mas documentos e entrevistas revelam que, quando os clientes da empresa viraram alvo de atenção da mídia, executivos da Fusion intercederam junto a antigos colegas da mídia.

Em meados de 2015 a Fusion estava investigando duas concorrentes da Theranos, uma start-up do Vale do Silício que tinha chamado a atenção da indústria da tecnologia de saúde. Mais ou menos na mesma época o "Wall Street Journal" estava produzindo uma reportagem própria sobre a Theranos, reportagem essa que acabou colocando em dúvida a precisão da tecnologia revolucionária de análises laboratoriais da empresa.

Trabalhando para a Theranos, a Fusion teria tentado influenciar as primeiras reportagens do WSJ, segundo documentos e entrevistas.

A Fusion batizou o caso de "Ferris".

Algumas semanas depois de o repórter do WSJ John Carreyrou ter procurado a Theranos dentro de sua investigação sobre a empresa, Fritsch o contatou para criar um "canal de bastidores", segundo documentos e uma pessoa com conhecimento do trabalho de reportagem do WSJ, mas que não estava autorizada a falar publicamente sobre isso.

Fritsch aconselhou o repórter, dizendo que sua abordagem à Theranos até aquele momento tinha sido agressiva e direta demais e opinando que deveria suavizá-la, disse a pessoa. Fritsch também acompanhou uma delegação da Theranos que visitou a Redação do "Wall Street Journal" em junho de 2015 para discutir a reportagem com Carreyrou e seu editor. Composta principalmente por advogados, a delegação foi chefiada pelo advogado célebre David Boies.

Nos anos seguintes, a Theranos, que em dado momento chegou a ser avaliada em US$ 9 bilhões, enfrentou ações regulatórias, tendo em 2016 perdido seu certificado para operar um laboratório de análises de sangue na Califórnia e seu direito a receber pagamentos do Medicare e Medicaid.

Em abril a empresa fechou um acordo com os Centros de Serviços do Medicare e Medicaid, concordando em não operar um laboratório de análises clínicas por dois anos em troca da restauração de seu certificado.

"O 'Wall Street Journal' publicou sua série premiada de reportagens sobre a Theranos apesar de ameaças legais e objeções reiteradas da empresa e seus representantes", disse uma porta-voz do jornal.

Um representante da empresa de advocacia de Boies, a Boies Schiller & Flexner, disse que declarações devem ser encaminhadas à Theranos. A Theranos se negou a comentar.

A Fusion participou dos bastidores de uma batalha travada em Wall Street entre o investidor bilionário William Ackman e a empresa de suplementos alimentícios Herbalife, revelam documentos.

Ackman tinha um interesse financeiro enorme no destino da Herbalife. Se a empresa falisse, seus investimentos dariam lucros altos. Ackman promoveu coletivas de imprensa em que pediu investigações regulatórias e criminais da Herbalife, alegando que a rede de distribuidores da empresa era, na prática, um esquema de pirâmide.

A Herbalife tinha a Fusion trabalhando do seu lado em um projeto cujo codinome era "Rice". E-mails e documentos internos mostram que a Fusion investigou Ackman e seu hedge fund, Pershing Square Capital Management.

O advogado e o publicitário externo da Herbalife foram copiados em alguns e-mails que discutiram estratégias para trazer à tona documentos públicos que poderiam expor a possibilidade de Ackman estar pagando organizações sem fins lucrativos para criticarem a Herbalife. Os profissionais da Fusion procuravam informações que levassem o governo a investigar Ackman, segundo mostram os documentos.

Em junho de 2014, Richard Hynes, que trabalhava para Fusion, notou que a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) e o Ministério Público de Nova York haviam conduzido investigações prévias que envolveram Ackman.

"Parece que as investigações não deram em nada", escreveu Hynes. "O que será que a SEC e o MP de NY não tiveram que poderia ter fundamentado seus processos. O que poderíamos lhes fornecer agora para alcançarem um resultado diferente." Glenn Simpson mandou um profissional a serviço da Fusion solicitar o arquivo de caso da SEC sobre as investigações encerradas sobre Ackman ou sua empresa, a Pershing Square, como revelam documentos.

Foi a Herbalife que acabou investigada. Em 2016 a empresa fechou um acordo de US$ 200 milhões com a Comissão Federal de Comércio para arquivar acusações de que teria enganado compradores e vendedores de seus produtos. A Herbalife não respondeu a um pedido de declarações, e Hynes não respondeu a mensagens.

Com a atenção que vem recebendo em função do dossiê sobre Trump, a Fusion vem sendo forçada a revelar detalhes de suas operações em procedimentos judiciais.

Passando por cima de objeções de deputados democratas, o líder republicano do Comitê de Inteligência da Câmara, o deputado Devin Nunes, da Califórnia, intimou judicialmente a Fusion a entregar seus registros bancários, para possibilitar a identificação do cliente então misterioso que pagou pelo dossiê. Em outubro, executivos da Fusion evocaram seu direito constitucional de não responder a perguntas do Comitê.

Glenn Simpson já tinha sido interrogado a portas fechadas durante dez horas por membros do Comitê do Judiciário do Senado, que também investiga alegações de influência do exterior sobre a eleição presidencial americana de 2016. Ele já depôs também perante o comitê da Câmara, também a portas fechadas.

A Fusion foi contratada inicialmente no outono de 2015 pelo site conservador Washington Free Beacon para investigar Trump. A publicação recebe apoio do doador republicano bilionário Paul Singer, que apoiava o senador da Flórida Marco Rubio nas primárias republicanas.

O "Washington Post" revelou em outubro que a campanha de Hillary Clinton e o Comitê Democrata Nacional pagaram a Fusion, por meio de uma firma de advocacia, por seu trabalho sobre o dossiê.

Depois que Trump venceu a primária, a Fusion procurou Marc Elias, sócio da firma de advocacia Perkins Coie, que representou o Partido Democrata na eleição de 2016. A Perkins Coie decidiu que o partido precisava ir mais fundo do que o trabalho feito por grupos de pesquisa oposicionista tradicional, pautada pelas questões políticas em questão, e adotar uma abordagem "de fazer tudo, sem deixar de explorar nenhuma possibilidade", segundo uma pessoa familiarizada com a questão, mas não autorizada a comentá-la publicamente.

Uma representante da Perkins Coie disse que Trump "não tinha passado pela verificação do processo político. Era um empresário com bens imobiliários importantes nos Estados Unidos e pelo mundo afora, com um histórico de litígios, problemas financeiros e falências e dotado de natureza decididamente litigiosa", acrescentando que "a dificuldade em estudar apenas informações do registro público para avaliar sua candidatura tornava necessárias investigações adicionais".

Simpson e Fritsch tinham trabalhado em reportagens sobre lavagem de dinheiro e autoridades governamentais russas quando trabalharam em Bruxelas para o WSJ. Sabiam como conseguir acesso a documentos de todo o mundo, habilidade que lhes valera encomendas de trabalho de grandes firmas de advocacia.

"Conheço Glenn há muito tempo", disse o ex-promotor John Moscow, hoje advogado da firma BakerHostetler, que contratou a Fusion para ajudar a defender a empresa russa Prevezon num caso cível envolvendo lavagem de dinheiro. "Quando precisamos de informações de várias partes do mundo, ele pode ir atrás. Nós o contratamos para casos específicos, porque ele é muito bom."

Este ano a Prevezon fechou um acordo para encerrar o processo movido pelo Departamento de Justiça. Pagou US$ 5,9 milhões e não admitiu culpa.

Para fazer o trabalho do dossiê, a Fusion contratou Christopher Steele, ex-agente de inteligência britânico que já trabalhara extensamente na Rússia.

Em comunicado, a Fusion disse que a Perkins Coie lhe pagou US$ 1,02 milhão por trabalho feito em 2016 e que a Fusion pagou US$ 168 mil à firma de Steele, Orbis Business Intelligence.

O dossiê alegou que o governo russo colheu informações comprometedoras sobre Trump e que o Kremlin estava tentando ajudar sua campanha.

Autoridades disseram que o FBI confirmou algumas das informações constantes no dossiê, mas que os detalhes mais sensacionais não foram confirmados e possivelmente nunca sejam.

Quando o dossiê circulou entre jornalistas de Washington, no final do ano passado, funcionários seniores do governo americano consideraram o assunto suficientemente sério para informarem o então presidente eleito Donald Trump sobre a existência do dossiê. E, quando o BuzzFeed publicou o documento on-line, no início de janeiro, o dossiê prendeu a atenção da nação —especialmente suas alegações mais escandalosas.

Nas últimas semanas, Trump e parlamentares republicanos vêm mencionando o papel da campanha de Hillary Clinton no dossiê para tentar desacreditar as sugestões de que sua campanha possa ter estado em conluio com a Rússia.

Na conferência de agosto do ano passado, Glenn Simpson disse que sua empresa segue critérios rígidos desenvolvidos em seus anos como jornalista.

"Não podemos apenas revelar o que sabemos. Temos que dizer como tomamos conhecimento desses fatos. E temos que ser capazes de comprovar o que dizemos. Isso impõe uma espécie de disciplina ao processo investigativo, algo que pessoas de outras áreas não captam realmente."

Simpson falou com franqueza sobre o dinheiro envolvido. Explicando por que deixou de ser jornalista, disse brincando "não nos vendemos, mas passamos a ganhar bem mais dinheiro".
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p(tagline). Tradução de CLARA ALLAIN


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