O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, 79, deu, neste domingo (24), o indulto humanitário que vinha pedindo o ex-mandatário Alberto Fujimori, 79.
Condenado em 2009 por crimes contra os direitos humanos e corrupção durante seu mandato (1990-2000), Fujimori estava preso na penitenciária de Barbadillo, mas havia sido transferido na noite de sábado (23) a uma clínica, devido a um quadro de hipotensão com arritmia.
O governo peruano já vinha estudando o indulto ao autocrata havia meses, uma vez que a bancada fujimorista, maioritária no Congresso, vinha dificultando a gestão de PPK (como é chamado o presidente).
Além do afastamento de cinco ministros e do primeiro-ministro, os fujimoristas também tinham conseguido levar à votação um pedido de vacância do cargo do próprio PPK. A votação, que ocorreu na última quinta-feira (21), livrou PPK, mantendo-o no cargo.
Nos bastidores, porém, foi acertado entre o filho mais novo de Fujimori, Kenji, e o presidente que o indulto seria tratado como tema prioritário. Foi, em linhas gerais, a moeda de troca para que o mandatário permanecesse no cargo.
A resolução, assinada no fim da tarde deste domingo, já foi confirmada também pelo ministro da Justiça, Enrique Mendoza.
Entre os crimes pelos quais Fujimori vinha cumprindo pena estão massacres por parte de esquadrões da morte usados pelo regime fujimorista, falsidade ideológica, tráfico de influências e corrupção. Entre os que ainda estão em curso, as acusações por esterilizações forçadas e outros massacres promovidos por milícias que agiram sob ordens de Fujimori.
No último dia 17 de dezembro, uma junta médica visitou Fujimori na penitenciária e recomendou o indulto por razões humanitárias, uma vez que ele padece de sequelas de um câncer na língua e problemas cardíacos.
Apesar de vir se mostrando a favor do indulto nos últimos tempos, PPK temia perder a base de apoio por parte da centro-esquerda e da esquerda, uma vez que estas lhe conferiram o voto numa eleição em que venceu por uma diferença pequena de votos a filha de Fujimori, Keiko, com a promessa de PPK de que não ofereceria o indulto ao ex-mandatário.