Folha de S. Paulo


Vice do FBI planeja se aposentar para evitar fritura por republicanos

Alex Brandon-7.jun.17/Associated Press
Andrew McCabe, vice-diretor do FBI e então interino na chefia da agência, participa de audiência no Senado dos EUA ORG XMIT: NYC101
Andrew McCabe, nº2 do FBI e então interino na chefia da agência, em audiência no Senado dos EUA

O vice-diretor do FBI, a polícia federal americana, quer se aposentar em breve. Nos últimos dias, Andrew McCabe entrou na mira de republicanos que viram em mensagens de texto trocadas por agentes subordinados a ele um viés contra Donald Trump nas investigações dos laços do presidente com a Rússia.

Numa mensagem, Lisa Page, advogada do FBI, diz a Peter Strzok, que integrava a equipe de Robert Mueller, chefe da investigação contra o presidente, que ele não seria eleito "de jeito nenhum".

Os diálogos fizeram alguns republicanos sugerirem que McCabe liderava dentro da polícia federal americana um esforço para evitar que Trump chegasse a ocupar a Casa Branca.

Nos últimos anos, McCabe viveu numa verdadeira encruzilhada em Washington. Ele era o braço direito de James Comey, ex-diretor do FBI demitido por Trump e que depois revelou pedidos do presidente que ele relaxasse uma investigação, e também atuou na controversa devassa dos e-mails de Hillary Clinton.

De sua casa de veraneio na Flórida, onde passa o Natal, Trump foi rápido ao reagir à informação revelada pelo jornal "The Washington Post", dizendo que McCabe "corre contra o relógio para se aposentar com todos os benefícios", lembrando que ele teria só mais 90 dias no cargo.

McCabe vinha resistindo às críticas do presidente, que disse que a reputação do FBI estava "aos farrapos" desde que se intensificaram as investigações sobre seu possível conluio com os russos e que Michael Flynn, ex-conselheiro de Segurança Nacional do presidente, admitiu ter mentido aos investigadores e passou a colaborar com eles.

Sua decisão de deixar o cargo é vista agora como um sinal de que o FBI está sucumbindo aos muitos ataques da Casa Branca e da base de apoio de Trump, que já havia deixado claro que gostaria de ver McCabe demitido.

Além das mensagens de texto, McCabe e outros agentes do FBI vinham sendo questionados por congressistas republicanos sobre o fato de a agência federal ter tentado comprar o dossiê anti-Trump que veio à tona durante a campanha presidencial.

McCabe enfrentou críticas porque sua mulher, que foi candidata ao Senado pela Virgínia há dois anos, recebeu milhares de dólares em doações de aliados de Clinton, então na mira do FBI por usar um servidor de e-mail privado quando ela era chanceler.

Trump também levantou esse ponto em mais um tuíte contra o número dois do FBI.


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