Folha de S. Paulo


Sauditas interceptam míssil disparado por rebeldes do Iêmen contra Riad

A Arábia Saudita interceptou nesta terça-feira (19) um míssil disparado pelos rebeldes houthis, do Iêmen, contra um palácio real em Riad, em uma ação que deve aumentar a tensão na região.

Mohammed Abdul-Salam, porta-voz do grupo xiita, confirmou que o alvo do míssil Volcano H-2 era um encontro entre líderes sauditas realizado no palácio Yamama, que costuma ser usado pelo rei Salman bin Abdulaziz Al Saud.

Após a ação, os sauditas voltaram a acusar o Irã de estar por trás dos ataques rebeldes e afirmaram que os mísseis são uma ameaça a estabilidade regional e a segurança mundial.

Já os rebeldes disseram que o ataque é o início de um novo capítulo em seu confronto com Riad e indicaram que seus próximos alvos são bases militares e campos de produção de petróleo na Arábia Saudita.

A rede de TV saudita Al Arabiya disse que ninguém ficou ferido e que nenhuma construção foi atingida pela ação. Vídeos postados nas redes sociais mostram uma explosão seguida de uma nuvem de fumaça negra no céu de Riad.

É a segunda vez em dois meses que os rebeldes houthis tentam atacar Riad. Em 4 de novembro, um míssil que tinha como alvo o aeroporto da cidade também foi interceptado pelas forças sauditas.

Na ocasião, a Arábia Saudita acusou Irã de fornecer as armas aos rebeldes e impôs um bloqueio naval contra o Iêmen, o que foi criticado pela ONU. O príncipe herdeiro saudita Muhammad bin Salman chegou a dizer que a ação era um "ataque militar direto" de Teerã, algo que poderia ser interpretado como um ato de guerra.

O Iêmen se tornou palco desde 2015 de uma guerra indireta entre Teerã e Riad, que disputam o protagonismo na região. Enquanto os sauditas apoiam as forças leais ao presidente Abdrabbuh Mansur Hadi, os rebeldes xiitas houthis, que controlam a capital Sanaa, se aliaram ao Irã.

O conflito no Iêmen, que a ONU declarou ser a maior crise humanitária do mundo na atualidade, já matou mais de dez mil pessoas e causou um surto de cólera no país.

A ONU também disse nesta terça que ataques aéreos feitos pela coalizão saudita contra os rebeldes houthi mataram 136 civis no Iêmen nos últimos 11 dias.


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