Folha de S. Paulo


Principal grupo de narcotráfico da Colômbia anuncia cessar-fogo

O Clã do Golfo, principal grupo de narcotráfico da Colômbia, anunciou um cessar-fogo unilateral nesta quarta-feira (14) e diz estar pronto para negociar um acordo de paz com o governo.

Também chamado de Clã Usuga —em homenagem a seu líder Dairo Antonio Úsuga, o homem mais procurado do país— e Autodefesas Gaitanistas, o grupo é acusado de participar de atividades de mineração ilegal e de comandar as rotas de tráfico em parceria com cartéis mexicanos.

O grupo, que foi criado por paramilitares de direita, disse em setembro que estava disposto a deixar as armas e dialogar com o presidente Juan Manuel Santos em busca de um acordo.

Raul Arboleda/AFP
Policial inspeciona cocaína apreendida no porto de Buenaventura, no oeste da Colômbia
Policial inspeciona cocaína apreendida no porto de Buenaventura, no oeste da Colômbia

Santos, porém, afirmou que não iria negociar porque considera o Clã do Golfo uma organização criminosa sem uma motivação política, diferente das antigas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), com as quais seu governo entrou em acordo.

Em outubro, no entanto, apresentou ao Congresso um projeto de lei para a rendição coletiva dos grupos criminosos que prevê a redução de suas penas e permite que conservem parte de seus bens.

"Apesar de não haver no momento uma lei para uma rendição coletiva, nos mantemos comprometidos com os esforços que vão nos permitir contribuir para uma paz geral", disse o grupo na nota em que anuncia o cessar-fogo.

"A partir deste Natal, quando os corações se preenchem com a esperança de um país melhor, os colombianos merecem uma oportunidade, pela primeira vez em sua história, de seguir em frente sem o temor de um conflito", afirma o comunicado.

O anúncio diz que o cessar-fogo começa a valer imediatamente e convida a sociedade civil e a Igreja Católica a fiscalizarem se a promessa está sendo cumprida.

Segundo a Fundação Paz e Reconciliação, que estuda o conflito e os atores ilegais no país, o grupo tem presença em 236 dos 1.120 municípios colombianos.

Desde 2015, o governo lançou uma ofensiva contra o grupo, o que provocou perdas importantes em seus quadros. Em setembro, foi morto Roberto Vargas Gutiérrez, conhecido "Gavilán", o número 2 do grupo, e em novembro, seu sucessor, Luis Orlando Padierna, o "Inglaterra".

Com cerca de 3.000 homens ainda ativos, o Clã do Golfo pediu ainda que seu principal rival, o esquerdista ELN (Exército de Libertação Nacional), se junte a ele e interrompa os confrontos.

O ELN está desde outubro em um cessar-fogo bilateral com o governo, que vai até 9 de janeiro, e já negocia um acordo de paz com Santos.

QUEM É O CLÃ DO GOLFO - Saiba mais sobre as áreas de influência, negócios e armamento do cartel colombiano

Editoria de Arte/Folhapress
Mapa Clã do Golfo

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