Folha de S. Paulo


Ex-vice-presidente do Zimbábue pede que ditador Mugabe renuncie

Mike Hutchings/Reuters
Protesto em Harare, capital do Zimbábue, contra o ditador Robert Mugabe
Protesto em Harare, capital do Zimbábue, contra o ditador Robert Mugabe

O ex-vice-presidente do Zimbábue Emmerson Mnangagwa, favorito para assumir o comando do país, se uniu nesta terça-feira 21) aos pedidos de renúncia imediata do ditador Robert Mugabe, contra quem o Parlamento iniciou um processo de impeachment.

Ao mesmo tempo, os veteranos da guerra de independência convocaram protestos para pedir a renúncia do presidente.

Quase uma semana depois da intervenção das Forças Armadas provocada por sua expulsão, Mnangagwa saiu do silêncio para exigir a renúncia do chefe de Estado, que governa o país há 37 anos.

"Convido o presidente Mugabe a considerar os pedidos feitos pelo povo para sua renúncia de forma que o país possa avançar" afirmou Mnangagwa em um comunicado.

O ex-vice, conhecido "crocodilo", é considerado o favorito para liderar a transição política.

Mnangagwa, 75 anos, foi destituído em 6 de novembro, por iniciativa da primeira-dama, Grace Mugabe, com quem competia para suceder o presidente, de 93 anos.

A ação provocou a intervenção das Forças Armadas, que controlam o país desde 15 de novembro. Mnangagwa é um veterano da luta pela independência do país.

Em seu texto, Emmerson Mnangagwa, que está no exterior desde sua destituição, confirmou que estava em contacto com Mugabe.

"Posso confirmar que o presidente (...) me convidou a voltar ao país para discutir sobre os acontecimentos políticos em curso na nação. Respondi que não voltaria enquanto não estivesse satisfeito com as condições de minha própria segurança", afirmou.

O comandante do Estado-Maior do exército, o general Constantino Chiwenga, considerou as discussões entre os dois homens "promissoras".

O general Chiwenga pediu à população, cada vez mais exaltada, "calma e paciência".

Philimon Bulawayo - 10.fev.2016/Reuters
Grace Mugabe (esq.), primeira-dama do Zimbábue, e Emmerson Mnangagwa, ex-vice-presidente do país
A primeira-dama Grace Mugabe (esq.) ao lado de Emmerson Mnangagwa durante reunião em 2016

Sem esperar por uma possível conclusão das discussões, o partido governista Zanu-PF decidiu iniciar nesta terça-feira um processo de impeachment no Parlamento.

Reunida em caráter de emergência, a direção da sigla retirou de Mugabe o mandato de presidente do partido e anunciou um ultimato até segunda-feira ao meio-dia para deixasse a presidência do país, antes do início do processo de destituição.

Mas o presidente ignorou os apelos e chegou a afirmar no domingo que presidiria o congresso do partido em dezembro.

Nesta terça-feira, vários membros do governo boicotaram o conselho de ministros convocado por Mugabe, informou o jornal The Herald.


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