Folha de S. Paulo


Terrorismo atingiu recorde de países em 17 anos em 2016, aponta estudo

O terrorismo atingiu em 2016 um alcance geográfico inédito neste milênio, quando começou a ser compilado o Global Terrorism Index: 77 países tiveram ao menos uma morte em atentado no ano passado, 12 a mais do que o registrado em 2015.

O estudo, cuja 17ª edição foi publicada nesta quarta (15) pelo Instituto para Economia e Paz, indica, contudo, que apesar da maior extensão de seu alcance, o terrorismo deixou menos vítimas em 2016.

Gonzalo Fuentes -13.nov/Reuters
Ato em memória às vítimas do atentado terrorista de 2015 contra o Bataclan, em Paris
Ato em memória às vítimas do atentado terrorista de 2015 contra o Bataclan, em Paris

No ano passado houve redução de 22% no número de mortes causadas por atentados desde 2014, o ápice —tendência que, segundo o instituto, foi mantida no primeiro semestre deste ano. Ao longo de 2016, foram 25.673 mortes contra as 32.658 em 2014.

Isso ocorreu sobretudo porque 4 dos 5 países mais afetados pelo terrorismo (Síria, Paquistão, Afeganistão e Nigéria) tiveram uma queda de 33% no número de mortes.

A redução na Nigéria está relacionada sobretudo ao combate à organização terrorista Boko Haram. Houve uma queda de 80% dos ataques atribuídos ao grupo.

Já o Iraque, país mais afetado durante 2016, registrou sozinho 9.765 mortes em atentados, resultado do incremento dos atentados e ataques da facção Estado Islâmico, que vem perdendo território e recalibrando táticas.

Apesar da redução no número de vítimas em escala global, o ano de 2016 foi o segundo mais letal desde 1988 nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), coletivo de países ricos.

O mais letal foi 2001, quando quase 3.000 pessoas foram mortas nos EUA nos atentados do 11 de Setembro.

O número de mortes causadas por terrorismo em 2016 nesse grupo foi de 265, ou 1% do total. O relatório nota, no entanto, que os ataques terroristas na OCDE não são inéditos: houve quase 10 mil mortes decorrentes de atentados desde 1970, excluindo as registradas na Turquia e em Israel, alvos frequentes.

O EI está relacionado a 75% das mortes por terrorismo em países da OCDE desde 2014. Mas, em termos históricos, essa facção aparece como a quarta maior culpada pelas mortes por terrorismo nos países do grupo, superada pelos separatistas irlandeses IRA e pelos bascos do ETA, além da Al Qaeda, responsável pelo 11 de Setembro nos EUA e o 11 de Março em Madri, em 2004, quando morreram quase 200 pessoas.

O estudo também mostra que, apesar da atenção dada a atentados nos EUA e na Europa, eles são a minoria, pois 94% das mortes causadas pelo terrorismo ocorreram no Oriente Médio, no norte da África, na África subsaariana e no sul da Ásia.

O avanço na OCDE, porém, preocupa por sinalizar novas táticas: facções como o EI têm recorrido a ações de menor complexidade, como o atropelamento que deixou 16 mortos em Barcelona e arredores em agosto passado. São ataques mais fáceis de planejar e mais difíceis de impedir do que atentados a bomba.

O relatório estima que o custo de realizar um ataque na Europa foi reduzido nos últimos anos, chegando hoje a menos de R$ 35 mil.


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