Folha de S. Paulo


Trump evita direitos humanos em reunião com presidente filipino

Jonathan Ernst/Reuters
Trump (centro) cumprimenta o presidente filipino, Rodrigo Duterte (de branco) e o premiê do Vietnã, Nguyen Xuan Phuc, durante a reunião da Associação de Nações do Sudeste Asiático, em Manila
Trump (centro) cumprimenta o presidente filipino, Rodrigo Duterte (de branco) e o premiê do Vietnã, Nguyen Xuan Phuc, durante a reunião da Associação de Nações do Sudeste Asiático em Manila

O presidente americano Donald Trump disse nesta segunda-feira (13) que tem um "ótimo relacionamento" com o presidente filipino, Rodrigo Duterte, após um encontro entre os dois nesta segunda-feira no qual o tema dos direitos humanos foi mencionado apenas de passagem.

A reunião aconteceu em Manila, capital das Filipinas, durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático. Diversos grupos de direitos humanos pressionaram Trump a ser mais rígido com Duterte devido à violenta guerra às drogas do governo filipino, em meio à qual milhares de pessoas já morreram.

"Somos seu aliado. Somos um aliado importante", disse Duterte ao presidente norte-americano no início das conversas, de acordo com repórteres que tiveram acesso à sala de reuniões.

Trump respondeu: "Temos tido um ótimo relacionamento. Ele tem sido muito bem-sucedido. E a conferência da Asean foi lindamente organizada pelo presidente das Filipinas".

Quando um repórter perguntou a Trump se ele abordaria os direitos humanos na reunião, Duterte disse: "Ei, ei. Isto não é um comunicado à imprensa. É uma reunião bilateral".

Mais tarde, um porta-voz do governo filipino disse que os direitos humanos não foram abordados, mas a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou que o tópico foi mencionado de passagem.

"A conversa se concentrou no Estado Islâmico, drogas ilegais e comércio. Os direitos humanos vieram à tona brevemente no contexto da luta das Filipinas contra as drogas ilegais".

Na semana passada, Duterte, que falou de Trump em tom elogioso, afirmou que diria ao presidente dos EUA para "ficar na sua" se abordasse acusações de violações de direitos humanos.

Duterte já foi chamado de "Trump do Oriente" por seu estilo e linguagem ríspidos.

Em maio, Trump foi criticado por elogiar Duterte durante um telefonema pelo "ótimo trabalho" que está fazendo para conter os narcóticos ilegais.

Mais de 3.900 pessoas já morreram na guerra às drogas que Duterte declarou quando tomou posse no ano passado. Seu governo afirma que a polícia age em legítima defesa, mas críticos denunciam execuções ilegais.

Os EUA e as Filipinas, uma ex-colônia norte-americana, são aliados estratégicos desde a Segunda Guerra Mundial, mas a relação ficou tensa após a eleição de Duterte, em junho de 2016. Ele já fez uma série de críticas a Washington e defendeu uma aproximação contra adversários americanos, como Rússia e China.

As Filipinas são a última etapa da viagem de Trump pela Ásia.


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