Folha de S. Paulo


EUA anunciam novas sanções contra a Venezuela

Xinhua/José Luis Díaz Aranguren/AVN
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino (centro), participam de ato com a Força Armada Nacional Bolivariana no Forte Tiuna, em Caracas
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de ato com as Forças Armadas, em Caracas

O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou nesta quinta-feira (9) sanções econômicas contra mais dez membros do regime venezuelano, em retaliação a irregularidades eleitorais, censura à imprensa e corrupção na distribuição de alimentos.

Os nomes mais conhecidos da lista são os dos ministros da Agricultura Urbana, Freddy Bernal, e das Comunicações, Ernesto Villegas. Bernal é o responsável pelos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (Clap), mecanismo de distribuição de alimentos a preços subsidiados.

O programa é uma das poucas alternativas à população mais pobre da Venezuela para comprar comida sem ágio em meio ao desabastecimento no país. O regime, porém, usa o programa para beneficiar áreas chavistas e punir as regiões opositoras.

Já Villegas comanda as emissoras estatais de comunicação e os órgãos que controlam as concessões de rádio e televisão. Desde agosto, quando foi instalada a Assembleia Constituinte, veículos contrários a Nicolás Maduro foram fechados ou processados pela Justiça.

Na relação também aparecem duas reitoras chavistas do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Socorro Hernández e Sandra Oblitas somam-se a Tania D'Amelio e a presidente do órgão, Tibisay Lucena, que haviam sido punidas pelos EUA meses atrás.

O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, afirmou que "enquanto o governo da Venezuela continuar ignorando o desejo de seu povo, nossa mensagem é clara: os EUA não vão permanecer de braços cruzados".

Por isso, disse Mnuchin, o governo Donald Trump manterá seus "esforços vigorosos para sancionar funcionários do governo da Venezuela que são cúmplices" de Maduro.

Assim como nas rodadas de punições anteriores, o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, afirmou que o governo americano desrespeita a soberania e o direito à autodeterminação dos povos.

"Essas medidas coercitivas unilaterais provam o desprezo de Donald Trump pelo povo venezuelano, ao ignorar sua vontade soberana, expressada em múltiplas ocasiões através do voto popular."

Desde o início das manifestações da oposição à ditadura, em abril, Maduro e mais de 50 membros do regime se tornaram alvo das sanções econômicas individuais.

A medida mais efetiva, porém, foi adotada em 25 de agosto, quando Trump proibiu cidadãos e empresas americanas de negociarem novos títulos da dívida da Venezuela e da estatal PDVSA.

As sanções diminuíram a capacidade do regime de pagar os dividendos dos títulos, elevando seu risco de moratória. Para tentar evitar o calote, Maduro chamou na última sexta (3) seus credores para iniciar uma renegociação da dívida pública.

Trump ainda é pressionado por políticos americanos próximos à diáspora venezuelana a interromper a compra de petróleo —a Venezuela responde por 10% de todo o óleo importado pelos americanos.


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