Folha de S. Paulo


Shakira, Bono e Apple são alguns dos citados nos 'Paradise Papers'; veja lista

Shakira, Bono, a rainha Elizabeth 2ª, Apple, Nike. Esses são alguns dos nomes de personalidades e empresas citados nos "Paradise Papers" por terem deslocado dinheiro pelo mundo para pagar menos impostos.

O foco na vida fiscal dos ricos e poderosos vem após a revelação de milhões de documentos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), com sede nos Estados Unidos, criando uma situação embaraçosa para os envolvidos.

Aqui estão alguns dos nomes mais conhecidos citados:

CELEBRIDADES

A cantora colombiana Shakira, que mora em Barcelona, teria domicílio nas Bahamas por razões fiscais, e teria transferido a Malta e a Luxemburgo seus direitos autorais, 31,6 milhões de euros, segundo o jornal francês "Le Monde".

O vocalista do U2, Bono, apareceu nas revelações por ter participações em uma empresa em Malta que teria comprado, em 2007, um centro comercial lituano, por meio de uma sociedade holding da Lituânia, que pode ter desrespeitado a legislação fiscal por meio de técnicas de otimização.

Tetracampeão mundial de Fórmula 1, o britânico Lewis Hamilton teria usado uma empresa de fachada, sediada na ilha de Man (dependência da Coroa britânica), para poupar mais de 4 milhões de euros em IVA (Imposto sobre Valor Acrescentado) pela compra de um jato privado de mais de 18 milhões de euros.

POLÍTICA

A rainha britânica Elizabeth 2ª, por meio do Ducado de Lancaster, que provê sua renda e administra seus investimentos, investiu cerca de US$ 13 milhões de seu dinheiro privado em fundos nas Ilhas Cayman e nas Bermudas.

Os fundos foram reinvestidos em uma variedade de negócios, inclusive a controversa varejista de arrendamento BrightHouse, que é acusada de exploração da pobreza.

O filho da rainha, o príncipe Charles, teria feito campanha para que fossem modificados alguns acordos sobre mudanças climáticas, sem revelar que o Ducado da Cornualha, uma de suas fontes de renda, acabava de investir em uma empresa radicada nas Bermudas, que se beneficiaria das propostas feitas pelo herdeiro da coroa britânica.

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, tem 31% da empresa de transportes marítimos Navigator Holdings por meio de uma teia complexa de investimentos offshore.

A Navigator Holdings tem uma parceria lucrativa com a gigante energética russa Sibur, ligada ao círculo íntimo do presidente Vladimir Putin. A Rússia está sujeita a sanções dos Estados Unidos.

No Canadá, Stephen Bronfman, o principal arrecadador de fundos e conselheiro sênior do primeiro-ministro Justin Trudeau, herdeiro da fortuna da Seagram, moveu 60 milhões de dólares a um paraíso fiscal nas Ilhas Cayman.

BRASILEIROS

Os ministros brasileiros da Fazenda, Henrique Meirelles, e da Agricultura, Blairo Maggi, tiveram seus nomes vinculados a sociedades offshore em paraísos fiscais.

MULTINACIONAIS

A gigante tecnológica Apple levou grande parte de sua receita offshore da Irlanda para Jersey (outra dependência da Coroa britânica e paraíso fiscal), para se adequar ao endurecimento da legislação fiscal irlandesa em 2015.

A fabricante de artigos esportivos americana Nike usou uma brecha nas leis fiscais da Holanda para reduzir, por meio de duas empresas holandesas, sua taxa impositiva a apenas 2% —ante a média de 25% das empresas europeias.

A empresa de veículos com motoristas Uber e a fabricante do Botox, o laboratório farmacêutico Allergan, teriam usado métodos similares aos da Nike.

Os "Paradise Papers" também revelaram que empresas russas ligadas ao Kremlin investiram milhões de dólares no Twitter e no Facebook.

As gigantes digitais são alvos do Congresso americano pelo uso de suas plataformas para espalhar notícias falsas ("fake news") durante a campanha presidencial dos Estados Unidos em 2016.


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