Folha de S. Paulo


Estados Unidos condenam ataque de milícia contra Arábia Saudita

O governo americano condenou nesta quarta-feira (8) o ataque feito pela milícia rebelde houthi, do Iêmen, contra a Arábia Saudita.

"O ataque dos houthi com um míssil contra a Arábia Saudita, permitido pela Guarda Revolucionária do Irã, ameaça a segurança regional e prejudica is esforços da ONU para por um fim no conflito [no Iêmen]", diz a nota divulgada pela Casa Branca.

O governo saudita disse ter interceptado no sábado (4) um míssil próximo a sua capital, Riad, que foi disparado pelos rebeldes. O sauditas são aliados do governo do Iêmen na disputa interna no país, enquanto o Irã apoia os houthi.

Por isso, na terça (7), o príncipe herdeiro saudita Muhammad bin Salman, disse que o ataque dos rebeldes foi um "ato militar de agressão direta" feito por Teerã.

Os EUA também criticaram o governo iraniano nesta quarta.

"Esse sistema de mísseis não estavam presentes no Iêmen antes do conflito e nos pedimos às Nações Unidas para conduzir um exame detalhados das evidências que o governo iraniano está mantendo a guerra no Iêmen para expandir suas ambições regionais", disse o comunicado americano.

Washington afirmou ainda que vai trabalhar com os parceiros regionais para responder ao ataque e expôr a atuação do Irã.

AMEAÇAS

O governo iraniano nega envolvimento com o míssil disparado contra Riad. Nesta quarta, o presidente iraniano, Hassan Rowhani, respondeu as acusações pela primeira vez.

Ele disse que a Arábia Saudita precisa ter cuidado com o poder do Irã, aumentando ainda mais a tensão entre os dois rivais regionais.

"Vocês conhecem o poder e o lugar da República Islâmica. Pessoas mais poderosas que vocês não conseguiram fazer nada contra o povo iraniano", disse Rowhani durante um discurso no conselho de ministros dirigido aos sauditas.

"Os Estados Unidos e seus aliados mobilizaram todas as suas capacidades contra nós e não conseguiram nada", completou, em referência à guerra iniciada em 1980 pelo Iraque contra o país, que teve apoio americano e terminou oito anos depois com vitória de Teerã.

"Queremos o bem e o desenvolvimento do Iêmen, do Iraque, da Síria e inclusive da Arábia Saudita. Não há mais vias que as da amizade, fraternidade e da ajuda mútua", disse ainda Rowhani.

LÍBANO

Em outro movimento na política do Oriente Médio, a União Europeia declarou nesta quarta que apoia a "estabilidade e a unidade do Líbano", adotando um tom diferente do usado pela Arábia Saudita, que acusou o governo de Beirute de declarar guerra contra Riad.

O Líbano passa por uma crise desde que o premiê Saad Hariri renunciou ao cargo no sábado.

No comunicado, a União Europeia pede que "todos os lados continuem perseguindo um diálogo construtivo e que mantenham o trabalho feito nos últimos 11 meses que levaram a uma melhora das instituições do Líbano e preparem eleições parlamentares para o início de 2018, como diz a Constituição".

Hariri disse que tomou a medida porque sua vida estava ameaçada e acusou o Hizbullah, grupo ligado ao Irã, de estar por trás de uma tentativa para assassiná-lo.

O Líbano é fortemente dividido entre o campo leal à Arábia Saudita, chefiado pelo sunita Hariri, e o campo leal ao Irã, representado pelo Hizbullah e apoiado pelo presidente Michel Aoun, que é cristão, como requer a Constituição (a Carta estabelece que o premiê seja muçulmano sunita e o líder do Parlamento, muçulmano xiita).

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