Folha de S. Paulo


Prefeito de Nova York deve ser reeleito nesta terça com discurso anti-Trump

A julgar pela presença tímida do tema na mídia local, não parece que Nova York vai eleger um prefeito.

Na ressaca do ataque terrorista que deixou oito mortos em Manhattan na semana passada, o assunto passa longe das manchetes.

Isso porque Bill de Blasio, democrata no comando da cidade, deve se reeleger nesta terça-feira (7) com folga —nas pesquisas, ele tem 49% das intenções de voto, enquanto sua maior rival, a republicana Nicole Malliotakis, aparece com 16%.

Eduardo Muñoz Alvarez - 3.nov.17/Getty Images/AFP
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, fala em entrevista coletiva com o comissário de polícia

Numa corrida mais que previsível, estimativas apontam que só um quinto dos 4,5 milhões de eleitores registrados deve votar.

Tal apatia, no entanto, não fez dessa uma eleição barata.

Juntos, os candidatos gastaram cerca de R$ 82,9 milhões, quase o dobro do montante torrado nas últimas eleições da cidade de São Paulo, que custaram por volta de R$ 43 milhões.

Mesmo convencido de sua vitória, De Blasio investiu sozinho R$ 30,2 milhões. Sua enorme vantagem financeira, aliada ao fato de haver sete vezes mais democratas do que republicanos na cidade, parece ter blindado o atual prefeito contra uma derrota.

Tanto que, em vez de se preocupar com opositores diretos, ele vem fazendo do pleito um manifesto anti-Trump, de olho numa posição de peso em seu partido.

Às vésperas da eleição, o democrata levou ao palanque nomes fortes de sua legenda, como os senadores Bernie Sanders e Elizabeth Warren, possíveis presidenciáveis em 2020 depois do naufrágio de Hillary Clinton.

"Vamos enfrentar Donald Trump todos os dias", disse De Blasio, num comício. Seus escassos anúncios na TV, aliás, pintam o prefeito menos como um líder local e mais como um herói da oposição contra as bravatas do presidente republicano.

Sua estratégia foi fazer da metrópole um reduto de resistência às políticas anti-imigração de Trump. Ele surfa, aliás, no ódio ao presidente, que amarga os piores índices de aprovação de um ocupante da Casa Branca no fim do primeiro ano de mandato: 59% rejeitam o republicano.

Em defesa de sua agenda progressista, o prefeito comprou brigas com a polícia, que criticava pela abordagem agressiva a suspeitos, em especial a negros, e conseguiu baixar a criminalidade.

Ele ainda deu benefícios a trabalhadores, como remuneração durante afastamentos por motivos de saúde, garantiu acesso à pré-escola a todos os alunos da rede pública e se esforçou para ampliar a oferta de moradia subsidiada aos mais pobres, embora o número de sem-teto na cidade tenha aumentado.

OUTRAS DISPUTAS

Enquanto a eleição em Nova York parece um jogo de cartas marcadas, outras cidades e Estados do país elegem prefeitos e governadores em batalhas menos previsíveis.

Entre elas, está a corrida ao governo de Nova Jersey, onde o democrata Phil Murphy pode chegar a derrotar a rival republicana Kim Guadagno.

Já o posto de prefeito é disputado em Atlanta, Detroit, Miami, Filadélfia, Pittsburgh e Seattle, entre outras.


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