Folha de S. Paulo


Ex-líder democrata cogitou trocar Hillary por Biden na eleição de 2016

Paul Sancya - 26.jul.16/Associated Press
A ex-líder democrata Donna Brazile discursa na convenção do partido, em 2016

A ex-líder do Partido Democrata Donna Brazile cogitou trocar Hillary Clinton pelo então vice-presidente americano Joe Biden como o nome do partido na eleição que foi vencida pelo republicano Donald Trump.

A revelação foi feita por Brazile no livro de memórias "Hacks: The Inside Story of the Break-ins and Breakdowns that Put Donald Trump in the White House", que ela lança na próxima terça-feira (7) com bastidores da campanha democrata. O jornal "The Washington Post" obteve uma cópia do livro, que tem 288 páginas.

Brazile escreve que ela contemplou seriamente a possibilidade de trocar Hillary por Biden, em parte porque a campanha de Clinton era "anêmica" e assumiu "o odor do fracasso". Brazile liderou os democratas em duas ocasiões, em 2011 e durante a campanha eleitoral de 2016.

No relato, considerado explosivo pelo "Washington Post", a ex-líder democrata detalha o cenário disfuncional dentro do partido logo após Hillary passar mal durante a cerimônia dos 15 anos do 11 de Setembro, em Nova York. A ex-secretária de Estado havia sido diagnosticada com pneumonia.

Logo após esse episódio, Brazile afirma que pensou em usar seus poderes como líder interina do Comitê Nacional Democrata para iniciar um processo de remover Hillary e seu candidato a vice, senador Tim Kaine, da chapa democrata.

Segundo Brazile, após dezenas de combinações, ela chegou à dupla Biden, então vice do presidente Barack Obama, e o senador de New Jersey Cory Booker —para ela, a dupla que poderia conquistar votos suficientes entre a classe operária para derrotar Trump.

Mas então, escreve Brazile, "eu pensei em Hillary, e em todas as mulheres do país que estavam tão orgulhosas e animadas com ela. Eu não poderia fazer isso com elas".

A ex-líder do partido pinta um retrato mordaz de Hillary como uma candidata bem-intencionada cuja campanha foi gerenciada de forma errada e passou mensagens "estúpidas" e "rígidas" ao eleitorado.

Em uma passagem do livro, Brazile descreve uma visita ao quartel-general da campanha de Clinton, em Nova York. "Parecia uma ala de hospital em que alguém havia morrido."


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