Folha de S. Paulo


Testemunhas narram correria com tiros e corpos estendidos pela rua

Craig Ruttle/Associated Press
Peritos inspecionam local onde caminhonete bateu em ônibus após ataque em Nova York
Peritos inspecionam local onde caminhonete bateu em ônibus após ataque em Nova York

Quando uma caminhonete avançou sobre dois ciclistas , os primeiros de oito mortos, no atentado em Manhattan, o estudante de cinema Amir Chaghlil estava numa sala de aula com vista para o cenário do ato terrorista.

"Você vê coisas de louco todos os dias em Nova York, mas uma cena dessas nunca é fácil", disse ele, mostrando na tela da câmera as imagens que fez do momento em que a polícia cobriu os corpos e das bicicletas destruídas. "Era difícil acreditar."

Ele conta que, na hora do ataque, os alunos do Borough of Manhattan Community College, na rua Chambers, receberam alertas pelo celular e todos correram até as janelas para ver o que acontecia.

Muitos acabaram ficando ilhados no prédio, que foi interditado na sequência, assim como várias torres de escritórios e escolas do local.

Vídeo mostra fuga de atropelador

"Tinha visto o caminhão. Não era alguém fugindo do trânsito. Sabia que era terrorismo. Vi os dois corpos. Eram dois ciclistas, e a picape atropelou as pessoas ali mesmo, do lado da ciclovia", disse Eugene Duffy, chef de um restaurante próximo ao local onde houve o atropelamento.

O estudante Tawid Kabir estava na ponte de pedestres em cima da rua Chambers quando a caminhonete invadiu a via. Ele viu o atropelador. "Ouvi cinco ou seis tiros, daí deitei no chão, com medo. Era um homem branco de barba."

Em volta do cerco policial, um bizarro desfile chamava a atenção. Rapazes com cicatrizes gigantes, meninas com rostos cadavéricos, manchas de sangue por todo o corpo —tudo de mentira.

O ataque aconteceu no dia de Halloween, quando os americanos se fantasiam e crianças saem à noite pedindo doces de casa em casa.

Muitas das testemunhas do crime, aliás, falavam às câmeras de TV fantasiadas. Entre elas, um rapaz vestido de empregada francesa e outro de macacão de pelúcia em formato de rena.

Quando anoiteceu, as ruas nos arredores do ataque caíram em silêncio —só o ruído dos helicópteros sobrevoando a cena do crime podia ser ouvido, e muitos andavam a pé pelas vias fechadas em direção à tradicional parada de Halloween da cidade, que foi mantida.

Editoria de Arte/Folhapress

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ATAQUES EM NOVA YORK

6.mar.2008
Uma bomba caseira atingiu o Centro de Recrutamento das Forças Armadas na Times Square. A munição usada na bomba era a mesma empregada nas guerras do Iraque e do Afeganistão. Não houve feridos, e o autor do ataque é até hoje desconhecido

25.mai.2009
Kyle Shaw, 17, colocou uma bomba caseira em uma cafeteria do Starbucks em Upper East Side Manhattan. Não houve mortes. O ataque teria sido um tributo ao filme "Clube da Luta". O adolescente foi condenado a três anos e meio de prisão em novembro de 2010

1º.mai.2010
Faisal Shahzad tentou explodir um carro-bomba na Times Square, no entanto a tentativa fracassou. Ele foi preso mais tarde em um voo que ia para Dubai. Shahzad foi condenado à prisão perpétua em outubro de 2010

23.out.2014
Zale Thompson, 32, feriu dois policiais do Departamento de Polícia de Nova York em um ataque com uma machadinha no distrito de Queens. A polícia abriu fogo, matando Thompson e ferindo um civil.
Thompson já havia sido preso seis vezes e chegou a fazer parte do Exército americano

17-19.set.2016
Quatro explosões ou tentativas de explosões na região metropolitana de Nova York deixaram 31 feridos. Ahmad Khan Rahimi foi identificado como suspeito e detido em Nova Jersey após um tiroteio que deixou três policiais feridos

20.mar.2017
James Harris Jackson, 28, viajou de Maryland para Nova York com o objetivo de matar homens negros e assim criar um espetáculo na mídia, segundo a polícia. Ele matou o morador de rua Timothy Caughman, 66, com uma espada em Midtown Manhattan


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