Folha de S. Paulo


Principais siglas da oposição boicotam eleição para prefeito na Venezuela

Os principais partidos da oposição ao regime de Nicolás Maduro anunciaram nesta segunda (30) que boicotarão as eleições para prefeito na Venezuela, convocadas pela Assembleia Constituinte para dezembro.

Siglas mais envolvidas nos protestos contra o ditador, a Ação Democrática (centro), o Primeiro Justiça (centro-direita) e o Vontade Popular (direita) disseram que expulsarão filiados que se candidatarem.

Carlos Garcia Rawlins - 15.out.2017/Reuters
Grafites com mensagens para que os venezuelanos não votem em 15 de outubro, dia da eleição regional
Grafites com mensagens para que os venezuelanos não votem em 15 de outubro, dia da eleição regional

O líder da Ação Democrática, Henry Ramos Allup, declara que o cronograma eleitoral foi "absolutamente improvisado" e que foi obrigado a tomar a decisão de não participar "devido às arbitrariedades do governo".

"Chegamos à conclusão de que o governo não quer que nós participemos de nenhum processo eleitoral e por isso cria condições, as mais difíceis, quase impossíveis de corrigir, simplesmente para que não participemos."

As irregularidades também embasaram a decisão do Primeiro Justiça, afirmou o presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, que defende a mudança da diretoria do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), dominada pelo regime.

"Nossa luta é conseguir eleições livres, sem chantagens com pontos vermelhos [em alusão ao chavismo], sem trocas de seções eleitorais, sem cassação de direitos políticos e prisões injustificadas dos candidatos."

A exigência de um conselho eleitoral independente também foi feita pelo Vontade Popular. "Não podemos colocar em risco a saída de Maduro ao manter ou ganhar umas prefeituras", disse o vice do Legislativo, Freddy Guevara.

O boicote foi decidido após as eleições para governador, vencidas pelo chavismo em 18 dos 23 Estados. Dos cinco oposicionistas eleitos, quatro contrariaram a determinação do partidos e tomaram posse jurando à Constituinte.

O restante, Juan Pablo Guanipa, foi deposto na última quinta (26) pela Constituinte. Não se sabe, porém, se outros partidos da coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD) participarão do pleito.

Porém, ao menos um membro do Primeiro Justiça e um do Vontade Popular cogitam a possibilidade de concorrer de forma independente a prefeituras na região de Caracas hoje controladas pelas agremiações. As inscrições das candidaturas no CNE começaram nesta segunda e terminam na quarta (1º).

Em discurso, Maduro acusou os três partidos de fazerem "ataques criminosos ao sistema eleitoral" do país. "Quando perdem dizem que há fraude e quando sabe que estão em desvantagem, em vez de lutar, se retiram."

E os acusou de seguirem "ordens de Washington". "Precisamos de uma oposição que rompa o laço com Washington, Madri, Bogotá e Miami, e que pense com a própria cabeça e ande com seus próprios pés."


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