Folha de S. Paulo


Diretor de campanha eleitoral de Trump se entrega ao FBI

Andrew Harnik/Associated Press
Former Trump Campaign Chairman Paul Manafort, left, leaves his home in Alexandria, Va., Monday, Oct. 30, 2017, in Washington. Manafort, and a former business associate, Rick Gates, have been told to surrender to federal authorities Monday, according to reports and a person familiar with the matter. (AP Photo/Andrew Harnik) ORG XMIT: DCAH102
Paul Manafort deixa sua casa em Alexandria, Virgínia, após se entregar ao FBI

Paul Manafort, ex-diretor de campanha que conduziu Donald Trump à Presidência dos EUA, e Rick Gates, que também integrou sua equipe, se apresentaram à Justiça nesta segunda (30) após serem indiciados por Robert Mueller, o homem à frente da investigação do FBI sobre a interferência russa nas eleições de 2016.

As 12 acusações que envolvem a dupla, porém, não estão diretamente ligadas à suspeita de conluio entre a equipe de campanha de Trump e autoridades russas —alvo de Mueller— mas a serviços prestados nos últimos dez anos ao ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovitch, líder pró-Rússia deposto em 2014 , e a seu partido.

Gates e Manafort foram indiciados por lavagem de dinheiro, fraude tributária e conspiração contra os EUA, o que pode levar a 12 e 15 anos de prisão, respectivamente.

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A Rússia é peça central de outra acusação contra o também ex-assessor da campanha de Trump George Papadopoulos, que se declarou culpado de dar falsos depoimentos a agentes do FBI. O advogado do setor de energia assumiu a culpa no último dia 5, mas o sigilo do caso só foi derrubado nesta segunda.

Papadopoulos disse ter mentido num interrogatório em janeiro sobre seus contatos com um professor russo que teria "ligações importantes" com funcionários do governo de Vladimir Putin.

Ele afirmara ao FBI que a conversa ocorrera antes de ele se tornar assessor da campanha. Na verdade, porém, ele se encontrou com o professor dias após se unir à equipe em busca de "sujeira" envolvendo a então candidata democrata, Hillary Clinton.

Segundo os papeis do indiciamento, Papadopoulos foi procurado pelo russo "por seu cargo na campanha".

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Os três indiciamentos marcam uma nova fase das investigações de Mueller, que cerca ex-integrantes da campanha eleitoral de Trump.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, tentou minimizar a relação do presidente com as acusações, dizendo que Papadopoulos era voluntário e tinha papel "extremamente limitado" na campanha. "Ele pedia para fazer coisas e era afastado ou não recebia resposta", disse. "Qualquer coisa que ele fez é de responsabilidade dele."

No caso de Manafort e Gates, Sanders enfatizou que as acusações não estão ligadas à atuação na campanha.

"Temos dito desde o primeiro dia que não há provas de conluio Trump-Rússia, e nada nesse indiciamento de hoje muda isso", afirmou.

Mais cedo, o próprio Trump tentara afastar o foco da suspeita: "Desculpem, mas isso ocorreu anos atrás, antes de Paul Manafort ser membro da campanha de Trump. Mas por que a Hillary trapaceira e os democratas não são o foco?", escreveu em um canal oficial, sem citar Papadopoulos.

A uma juíza federal nesta segunda, Manafort e Gates negaram as acusações.

Eles ficarão em prisão domiciliar. A juíza determinou uma fiança de US$ 10 milhões para Manafort e US$ 5 milhões para Gates, que pagarão se violarem as determinações da corte, que checará diariamente seu paradeiro.

Segundo o indiciamento, os dois agiram como agentes não registrados do governo da Ucrânia, de Yanukovitch, e de seu partido de 2006 a 2015. Manafort teria usado mais de US$ 18 milhões ilegais para comprar propriedades e serviços, diz Mueller.

O lobista republicano foi promovido a estrategista-chefe e diretor da campanha em junho e deixou o posto em agosto após vir à tona que recebeu mais de US$ 12 milhões em remessas ilegais do partido de Yanukovitch.

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