Folha de S. Paulo


Ex-ministro dos governos Kirchner é preso na Argentina por corrupção

Eitan Abramovich/AFP
Polícia deixa a casa de Julio De Vido em Buenos Aires sem conseguir prendê-lo
Polícia deixa a casa de Julio De Vido em Buenos Aires sem conseguir prendê-lo

O ex-ministro do Planejamento e homem-forte das gestões de Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015), Julio De Vido, atualmente deputado, teve sua imunidade parlamentar retirada nesta quarta-feira (25), o que possibilita que responda a dois processos de corrupção pelos quais está sendo acusado.

Uma das causas se refere ao superfaturamento em uma compra de gás, a outra, por ter supostamente desviado US$ 15 milhões da construção de uma mina de carvão.

De Vido também está sendo investigado, embora ainda sem acusação formal, de ter participado do esquema de corrupção da construtora brasileira Odebrecht , que admitiu junto ao Departamento de Justiça dos EUA ter pago US$ 35 milhões na Argentina durante o período em que o ex-ministro controlava os concursos por obras públicas no país.

De Vido não participou da sessão que decidiu seu futuro no Parlamento, mas se entregou no final do dia, quando soube que a Gendarmeria (polícia de fronteiras) já o buscava em sua casa, no bairro de Palermo, para leva-lo seguindo um pedido de prisão preventiva pedida por um juiz federal.

O ex-ministro chegou aos tribunais caminhando, com ar relaxado e barba por fazer. Havia, porém, presença de manifestantes aliados do presidente Mauricio Macri, que gritavam "sim, se pode", um dos lemas das campanhas da coalizão governista Mudemos , muito vinculadas à luta contra a corrupção.

De Vido foi enviado à prisão de Ezeiza, na região metropolitana de Buenos Aires, onde estão outros membros e colaboradores dos governos Kirchner, como o ex-secretário de Obras Públicas José López e o ex-secretário de Transportes Ricardo Jaime.

Juan Mabromata - 20.ago2014/AFP
Cristina Kirchner e Julio De Vido
De Vido (dir.), então ministro, ao lado de Cristina Kirchner, em imagem de arquivo

A ex-presidente Cristina Kirchner, eleita senadora pela Província de Buenos Aires no último domingo (22), também responde a processos de corrupção —por enriquecimento ilícito , lavagem de dinheiro por meio dos hotéis que pertencem à família , na Patagônia, e por evasão de divisas. O fato de ter sido eleita, porém, dificultará o andamento dos processos, uma vez que Cristina voltou a ter foro privilegiado.

O empresário que é acusado de auxiliar o casal Kirchner a lavar dinheiro, Lázaro Báez, está já em prisão preventiva , aguardando julgamento também na cadeia de Ezeiza.


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