Folha de S. Paulo


Regiões do norte da Itália fazem referendo por maior autonomia

Luca Bruno/Associated Press
A giant poster on Sunday's referendum on whether to demand greater autonomy hangs on side of a building in Milan, Italy, Friday, Oct. 20, 2017. It is greater autonomy, not independence, that two of Italy?s wealthiest regions are seeking in a pair of referendums Sunday, yet Catalonia?s secessionist ambitions loom over the debate. The president of Lombardy, Roberto Maroni and Veneto, Luca Zaia, are campaigning on the economic benefits of loosening Rome?s grip. But identity politics also is playing a role, particularly in Veneto, where a political fringe has never given up on the secession course long abandoned by the governing Northern League. (AP Photo/Luca Bruno) ORG XMIT: XLB110
Milão, capital da região de Lombardia, tem cartazes convocando moradores para votarem no referendo

Eleitores das prósperas regiões da Lombardia e Vêneto, no norte da Itália, votam neste domingo (22) em um referendo para pedir maior autonomia ao governo central, em Roma. A consulta ocorre em meio à crise da Espanha, que enfrenta plebiscito pedindo a independência da Catalunha.

Segundo os resultados preliminares, mais de 90% dos votantes apoiaram as propostas em ambas as regiões. Em Vêneto a participação foi de 52%, superando a barreira de 50% de comparecimento para validar o pleito.

Já na Lombardia votaram cerca de 40% do eleitorado, o que foi interpretado pelo presidente local, Roberto Maroni, como uma vitória. "Agora poderemos escrever uma nova página. [...] Este é o primeiro passo no caminho para as grandes reformas."

Embora o referendo italiano não seja vinculativo -o resultado não implica em mudança obrigatória– ele pode dar aos presidentes das regiões vantagem nas negociações com o governo.

Os presidentes regionais da Lombardia, Roberto Maroni, e de Vêneto, Luca Zaia, negociam maior autonomia fiscal e na elaboração de políticas relacionadas à segurança, imigração, educação e meio ambiente. Ambos pertencem à Liga do Norte, partido de extrema-direita liderado por Matteo Salvini.

Diferentemente do que ocorre na Catalunha, o referendo italiano não busca independência e foi aprovado pela suprema corte do país. Ainda assim, ele é encarado por especialistas como uma ameaça à autoridade do governo central.

Juntas, a Lombardia e Vêneto produzem 30% do PIB italiano e possuem quase 25% do eleitorado do país. A votação deste domingo é vista como um termômetro para a campanha nacional de 2018.

Segundo Salvini, líder do partido, as negociações por mais autonomia acontecerão independentemente dos resultados das urnas. Críticos do referendo alegam que ele não possui peso legal, não é necessário para o pedido de autonomia e exige muitos recursos públicos.

Algumas mudanças almejadas pelo partido ainda são vistas como de difícil concretização devido a questões legais. A política nacional orçamentária, assim como questões relacionadas à imigração e segurança estão previstas na constituição italiana, que precisaria ser alterada para a concessão de mais autonomia.

A constituição italiana prevê hoje diferentes níveis de autonomia para cinco regiões que possuem status especial: Trentino-Alto Adige, de língua alemã, Aosta, onde predomina o Francês, para as ilhas de Sardenha e Sicília e para a região de Friul-Veneza Júlia, que ganhou o status por sua localização próxima à fronteira da antiga Iugoslávia durante a Guerra Fria.


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