Folha de S. Paulo


Pai que ia a formatura acaba em funeral de filha morta em ataque na Somália

Arquivo Pessoal/BBC
Maryam Abduallahi, 25, estava se preparando para formatura em Medicina na Universidade Benadir
Maryam Abduallahi, 25, estava se preparando para formatura em Medicina na Universidade Benadir

"Estava tudo preparado", diz Abdullahi Mohamed em alusão à festa de formatura de sua filha, Maryam Abdullahi, uma jovem estudante de Medicina da Somália.

A cerimônia estava marcada para o último domingo, 15 de outubro, e o pai, que mora no Reino Unido, viajava ao país especialmente para isso.

Prestes a embarcar, descobriu que sua filha era uma das 300 vítimas do ataque extremista ocorrido no sábado na capital do país, Mogadíscio, um dia antes da formatura.

"Estava no aeroporto prestes a embarcar quando recebi a notícia de que ela havia morrido", disse à BBC.

Arquivo Pessoal/BBC
Abdullahi Mohamed, que ia para a formatura da filha quando ela foi morta por ataque na Somália
Abdullahi Mohamed, que ia para a formatura da filha quando ela foi morta por ataque na Somália

Ele acabou comparecendo ao funeral da filha.

Maryam Abduallahi, 25, estava se preparando para sua formatura em Medicina na Universidade Benadir.

A irmã de Maryam, Anfa'a Abdullahi Mohamed, disse ao serviço da BBC na Somália que tentou falar com ela depois da explosão.

"Liguei para o número dela e um jovem atendeu e disse 'sua irmã está morta e seu corpo está no Hotel Safari. Que Alá tenha piedade de você'", contou.

"Nossa família está triste, meus pais estão muito abalados. Que Deus fortaleça nossos corações", disse.

Ela conta que via a irmã como seu exemplo. Abduallahi também gostava de ajudar as pessoas no hospital onde trabalhava e na universidade, assinalou.

"Ela planejava trabalhar em uma clínica para mães e bebês após a formatura. Ela tinha ambição", lembrou.

Arquivo Pessoal/BBC
A somali Maryam Abduallahi, 25, aluna de medicina, com sua turma da faculdade
A somali Maryam Abduallahi, 25, aluna de medicina, com sua turma da faculdade

Além de Maryam, há várias pessoas desaparecidas e as autoridades do país estão enfrentando dificuldades para identificar os mortos, devido à força da explosão.

Entre as vítimas, estão 15 crianças que viajavam em um ônibus escolar quando o caminhão-bomba explodiu.

Voluntários criaram um grupo para ajudar a identificar as vítimas chamado Gurmad252, com uma página no Facebook e um site.

Gurmad significa "venham ajudar uns aos outros" em somali e 252 é o código internacional da Somália.

O ATAQUE

Um caminhão cheio de explosivos foi detonado destruindo hotéis, prédios de governos e restaurantes em uma área movimentada da capital somali, matando pelo menos 300 pessoas e deixando outras centenas feridas.

Duas pessoas foram presas no atentado, que tinha como objetivo atacar o aeroporto internacional de Mogadíscio, onda há várias embaixadas, segundo autoridades locais.

O ataque foi atribuído ao al-Shabaab, um grupo extremista islâmico local e uma das organizações extremistas mais letais do mundo dos últimos anos.

No país, o atentado foi descrito como o "11 de setembro da Somália", em referência ao ataque contra as Torres Gêmeas nos EUA.


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