Folha de S. Paulo


Milícias apoiadas pelos EUA expulsam Estado Islâmico de bastião na Síria

A paulatina perda de território pela organização terrorista Estado Islâmico culminou nesta terça (17) com a retomada de Raqqa, a cidade síria que a facção proclamou sua "capital" em 2014, por milícias sírias com apoio de forças militares americanas.

O anúncio foi feito por organizações ligadas aos rebeldes sírios. O Comando Central dos EUA, porém, foi cauteloso, afirmando que "mais de 90% de Raqqa está sob controle das FDS" (Forças Democráticas Sírias) após quase quatro meses de combate.

O porta-voz das forças dos EUA na região afirmou que a cidade estava "à beira da libertação", pois havia pontos isolados onde os radicais permaneciam entrincheirados.

"Sabemos que ainda há artefatos explosivos improvisados e armadilhas dentro e entre as áreas que o Estado Islâmico ocupou", disse o coronel Ryan Dillon.

O combate, segundo o militar, está restrito a uma área repleta de crateras de bomba no entorno do estádio local.

Apesar da cautela de seus militares, o presidente dos EUA, Donald Trump, reivindicou crédito pelo episódio.

"Eu mudei as regras de combate, mudei nossas forças militares e suas atitudes, e eles fizeram um trabalho fantástico", disse o republicano em um programa de rádio. "O EI agora está desistindo, erguendo as mãos para o alto e se retirando."

Segundo uma testemunha dos combates ouvida pela agência Reuters, a batalha nesta terça parecia perto do fim, com disparos pontuais. Combatentes festejaram nas ruas e hastearam bandeiras.

A reconstrução, porém, será demorada e não necessariamente pacífica. Hassan Mohammad Ali, um dos civis que deve liderar o trabalho, disse ao "New York Times" que a cidade está "em ruínas".

Atritos entre curdos e árabes, até agora unidos sob as FDS, também podem eclodir com a retomada da cidade.

Raqqa, no norte da Síria, foi proclamada capital do território conquistado pelo Estado Islâmico em 2014, ao qual os terroristas chamavam de "califado", estendido pela Síria e pelo Iraque. Em seu auge, essa área chegou a ter o tamanho de Santa Catarina, na estimativa mais modesta. Hoje, se limita a cidades-bastiões como Idlib (Síria) e Tal Afar (Iraque).

Foi pelas ruas de Raqqa que o EI promoveu exibições de força, planejou atentados no exterior, matou prisioneiros, estabeleceu regras de comportamento sujeitas a punições severas e montou uma rede de extorsões à guisa de um sistema tributário.

No fim de junho, a organização que reivindica alguns dos atentados mais letais em cidades europeias, africanas e asiáticas nos últimos três anos, perdera Mossul, a cidade iraquiana de onde o chefe da facção, Abu Bakr al-Baghdadi, declarara "califado".

Mayadeen, cidade próxima a Raqqa para onde parte dos chefes do EI fugiu, foi retomada por forças do regime sírio com apoio da Rússia e do Irã na última semana.

(articleGraphicCredit)..

Endereço da página:

Links no texto: