Folha de S. Paulo


Atentado mata repórter que apurava fraudes dos Panama Papers em Malta

Rene Rossignaud/Associated Press
Destroços do carro da jornalista Daphne Caruana Galizia próximo a uma estrada em Mosta (Malta)
Destroços do carro da jornalista Daphne Caruana Galizia próximo a uma estrada em Mosta (Malta)

Uma jornalista que participava das investigações internacionais conhecidas como Panama Papers foi morta em Malta nesta segunda-feira (16) quando uma bomba explodiu seu carro enquanto ela dirigia, afirmou o primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat.

Daphne Caruana Galizia, 53, estava saindo de sua casa na cidade de Mosta, próximo à capital de Malta, Valletta, quando a bomba explodiu, destruindo o veículo.

A jornalista havia revelado a participação de personalidade políticas de Malta nos Panama Papers –fraudes fiscais trazidas à tona após o vazamento de registros do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca–, como a mulher de Muscat, Michelle, seu ministro da Energia e seu chefe de gabinete, que teriam empresas no Panamá. Muscat e sua mulher negaram as acusações.

Malta é um país europeu de cerca de 450 mil habitantes.

Darrin Zammit Lupi/Reuters
A jornalista maltesa Daphne Caruana Galizia
A jornalista maltesa Daphne Caruana Galizia

Muscat disse que sua morte resultou de um "ataque bárbaro" que também representa um ataque à liberdade de expressão. Ele descreveu a jornalista como "uma de minhas críticas mais ferrenhas, em níveis pessoais e políticos" e disse que a violência era "inaceitável".

Caruana Galizia foi apontada pelo site Politico como umas das personalidades que estava "transformando e sacudindo" a Europa.

A jornalista estava sendo processada por difamação devido a vários artigos que escreveu em seu blog "Running Commentary". Ela havia prestado queixa na polícia há duas semanas dizendo que estava recebendo ameaças.

"Há canalhas para todos os lados para onde você olha agora. A situação é desesperadora", escreveu ela num post meia hora antes de sua morte.

O líder da oposição, Adrian Delia, afirmou que a morte foi um "assassinato político". "Caruana Galizia revelou o Panama Papers e era a maior crítica do governo", afirmou, pedindo uma investigação independente de sua morte.

O FBI (polícia federal americana) foi chamado para ajudar nas investigações do atentado.

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, ofereceu uma recompensa de 20 mil euros (cerca de R$ 75 mil) por informações que levem à condenação do assassino da jornalista.


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