Folha de S. Paulo


Em Las Vegas, Trump elogia polícia e se nega a falar sobre controle de armas

Evan Vucci/Associated Pres
Donald Trump durante sua visita ao Departamento de Polícia em Las Vegas
Donald Trump durante sua visita ao Departamento de Polícia em Las Vegas

Donald Trump chegou a Las Vegas na manhã desta quarta-feira (4) para uma visita de pouco mais de três horas na cidade, que no domingo foi palco do pior ataque a tiros da história recente americana.

O presidente americano se encontrou com centenas de feridos, policiais e outras pessoas que ajudaram no resgate do massacre.

Em um dos principais hospitais da cidade, Trump elogiou o trabalho dos médicos e se negou a falar sobre controle de armas no país.

"Estou muito orgulhoso de ser americano hoje. Todos aqui fizeram um trabalho incrível, é um tributo ao profissionalismo", disse Trump, ao lado da primeira-dama e alguns médicos, no hospital University Medical Center (UMC). "Vi pessoas terrivelmente feridas, muito mal mesmo, porque elas tentaram ajudar outras pessoas. Convidei os feridos para visitar a Casa Branca."

Um jornalista tentou perguntar sobre a possibilidade de um maior debate sobre controle de armas, mas Trump não quis comentar.

"Estou orgulhoso de estar aqui hoje, cercado de heróis. Na mais profunda situação de horror, sempre vamos achar esperança naqueles que arriscam suas vidas para salvar vidas", disse o presidente. "América é uma nação verdadeiramente em luto."

O atirador Stephen Paddock, 64, que deixou 58 mortos na noite de domingo, tinha 42 armas em suas duas casas em Nevada e no quarto de hotel em Vegas da onde fez os disparos das janelas contra a multidão de um festival de música. Doze das armas usadas tinham o mecanismo "bump stock", que permite disparar tiros de forma mais rápida, emulando um artefato automático.

Na terça-feira (3) o presidente americano passou o dia em Porto Rico, devastado pela passagem do furacão Maria em setembro. Ao ser questionado sobre impor um maior controle de armas no país, Trump respondeu que não era a hora. "Em algum momento, talvez. Hoje não."

Enquanto Trump visitava feridos, a namorada do atirador, Marilou Danley, 62, era interrogada pelo FBI, que tentava descobrir a motivação do crime e como o assassino conseguiu acumular tantas armas.

Ela estava nas Filipinas e chegou em Los Angeles na noite de terça-feira.

"Tenho certeza de que ela não sabe de nada, assim como nós", disse uma das irmãs de Danley à rede de televisão CNN. "Ele mandou ela embora [para as Filipinas] para ela não interferir em seus planos [...] Ela nem sabia que ia
viajar, até Steve dizer: 'Marilou, encontrei uma passagem barata para você'."

A polícia investiga também uma remessa de US$ 100 mil (R$ 315 mil) feita pelo atirador às Filipinas em 25 de setembro, três dias antes de se hospedar em Las Vegas. Paddock e Danley moravam juntos em
Mesquite, a 120 km de Las Vegas.

ARTISTAS EM VEGAS

Na noite de terça-feira, a cidade começava a voltar ao normal. O trecho da avenida no hotel cassino Mandalay Bay, de onde o atirador fez os disparos por cerca de 10 minutos, foi reaberto para carros e
pedestres.

Todos os shows haviam sido cancelados, incluindo um baseado na vida de Michael Jackson, mas turistas eram vistos apostando nas mesas e nas máquinas de caça-níqueis.

Jennifer Lopez cancelou os três shows que faria durante a semana na cidade, mas enquanto Céline Dion fez sua apresentação na noite de terça, no hotel cassino Caesars Palace. Antes de começar, ela fez uma
homenagem às vítimas.

"No domingo, nós perdemos tantas almas lindas e inocentes, e tantas ainda estão sofrendo. Mas hoje à noite vamos dizer a estas famílias que estamos aqui para apoiá-los e ajudá-los", disse a cantora de 49
anos, acrescentando que o dinheiro arrecadado com os ingressos da noite seria doado.


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