Folha de S. Paulo


Brasileira fica presa em hotel durante ataque em Las Vegas

"As pessoas choravam muito, passavam mal. Perto de mim, duas desmaiaram. Na correria para pedir socorro e se salvar, um homem chegou a sofrer corte na cabeça. Saí de um banheiro e deparei com ele sangrando."

Essas são as lembranças da jornalista brasileira Iara Diniz, 25, que passou por momentos de pânico em Las Vegas no final da noite deste domingo (horário local).

Ela estava com mais duas amigas em um hotel-cassino na rua onde atingiu quase 600 espectadores de um festival de música country.

"Recebi mensagem de texto que [dizia que] a festa que eu iria [em outro local] estava cancelada porque havia um atirador na rua. Mas, na hora, não entendemos muito bem. De repente, todos começaram a gritar: 'Tiros, tiroteio, corre!'. Fomos imediatamente levadas para um auditório do hotel, com mais 300 pessoas, onde ficamos presas por cerca de quatro horas", contou à Folha.

Ainda sem ter a real noção da tragédia que ocorria, ela saiu do auditório e foi para um banheiro do hotel, após ter sido aconselhada pelo chefe de segurança do local –a multidão demonstrava medo de que o atirador percorresse as ruas e invadisse o local em que estavam. Lá, o pânico se repetiu.

"As pessoas voltaram a correr e a gritar ainda mais do que antes. Ficamos um tempo sem saber que o atirador havia morrido. Qualquer barulho era motivo para pânico. Foi aí que, quando saí do banheiro, deparei com um homem, desesperado, sangrando porque havia caído durante a correria", disse.

As horas que seguiram em Las Vegas pouco condizem com a fama de cidade das luzes e dos cassinos, conforme o relato da brasileira.

"Só consegui sair do hotel por volta de 4h [local] porque a rua ficou interditada. A cidade parece que está morta. As pessoas andam e falam assustadas. Estão sérias e caladas. O motorista que tirou a gente do hotel, que mora aqui, disse que agora é um luto", disse.

Ela, que estava a passeio em Las Vegas, voltará com as amigas para Chicago, onde moram. "A cabeça está a mil, assustada e pensando em todas as vítimas dessa tragédia", afirmou.


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