Folha de S. Paulo


Sob suspeita, Snowden e Assange defendem plebiscito catalão

O território da Catalunha, de 32 mil quilômetros quadrados, se esticou nesta semana até chegar ao tamanho do mundo.

O plebiscito separatista de domingo atraiu a atenção de ativistas de diversos países.

Na sua grande maioria, eles se posicionaram em defesa do voto.

O mais célebre desses militantes inesperados é Julian Assange, fundador do WikiLeaks, site responsável por grandes vazamentos de documentos de inteligência confidenciais na internet.

Assange tem mobilizado seus 409 mil seguidores em uma rede social em prol do separatismo catalão.

Suas publicações na sexta-feira (29) eram, em sua maioria, sobre esse tema —com um vocabulário pouco imparcial, bastante duro com Madri.

Ele descreve a reação do governo central, que apreendeu cédulas e urnas, como "repressão". Por vezes, recorre a teorias da conspiração, afirmando haver interesses americanos em impedir a consulta.

"Uma onda de choque está vindo, e nenhum truque é sujo demais, nenhuma mentira é muito dura para um Estado profundo se salvar", escreveu na noite de sexta.

Um serviço de monitoramento de mensagens no Twitter listou durante esta semana os principais formadores de opinião na rede sobre o plebiscito, e Assange aparecia em segundo lugar.

O vencedor da lista era Edward Snowden, o americano que vazou informações sigilosas da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) em 2013 e está hoje asilado na Rússia.

ATIVISMO ONLINE

As atuações de Assange e de Snowden foram lidas por uma parte do público como demonstração do interesse russo no plebiscito catalão.

O jornal espanhol "El País" publicou uma série de reportagens investigando a atuação de hackers e de robôs para a disseminação de notícias falsas sobre o tema.

As autoridades espanholas afirmam que hackers russos foram fundamentais para manter on-line as páginas do governo catalão com instruções sobre o plebiscito.

As páginas tinham sido derrubadas pelo governo espanhol, que considera o plebiscito ilegal, mas voltaram a aparecer, às vezes hospedadas em outros países.

Nesta semana, o Facebook anunciou que contribuirá para uma investigação do Congresso dos EUA entregando 3.000 anúncios políticos pagos por russos e veiculados nos meses próximos às eleições de 2016.


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