Folha de S. Paulo


Coreia do Norte diz que Trump declarou guerra ao país

O ministro de Relações Exteriores norte-coreano, Ri Yong-ho, afirmou nesta segunda-feira (25) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou guerra a Pyongyang.

De acordo com Ri, a Coreia do Norte tem o direito de tomar as medidas cabíveis contra os EUA como a de derrubar os bombardeiros que se aproximarem do país asiático, mesmo se eles não estiverem no espaço aéreo norte-coreano.

"Todo o mundo deve lembrar claramente que foram os Estados Unidos que primeiro declararam guerra contra o nosso país", disse o ministro Ri Yong-ho em Nova York, onde participa da Assembleia Geral da ONU.

No sábado (23), bombardeiros americanos voaram próximos à região costeira norte-coreana para enviar uma "mensagem clara" a Pyongyang, segundo o Pentágono.

De acordo com o governo norte-americano, as operações militares "foram realizadas no espaço aéreo internacional".

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse que a declaração norte-coreana foi "absurda". "Nós não declaramos guerra à Coreia do Norte", disse ela.

"Nós temos o direito de voar, navegar e operar em todos os lugares onde é legalmente permitido", disse o porta-voz do Pentágono, Robert Manning.

Peter Reft/AFP
Bombardeiro B-1B é reabastecido perto da costa da Coreia do Norte
Bombardeiro B-1B norte-americano é reabastecido perto da costa da Coreia do Norte no sábado (23)

Quando perguntado se os EUA continuariam com seus exercícios militares na região, Manning afirmou que o país tem compromissos de defesa com a Coreia do Sul e o Japão.

"Se a Coreia do Norte não encerrar suas ações provocativas, ofereceremos ao presidente [sul-coreano] opções para esse país", disse Manning.

No sábado, Ri Yong-ho já havia feito duras críticas às declarações de Trump contra a Coreia do Norte, chamando-o de "demente" e "megalomaníaco" na Assembleia Geral da ONU.

Em seu primeiro discurso nas Nações Unidas, o presidente americano ameaçou "destruir totalmente" a Coreia do Norte.

As trocas de ameaças no evento da ONU –que deveria garantir a paz e a segurança no mundo– tiveram grande repercussão.

"Quando temos um agravamento da tensão, da retórica, então temos um risco de erro" que pode levar "a mal-entendidos", disse nesta segunda-feira o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric. "A única solução é uma solução política".

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IRRESPONSABILIDADE

Na sexta-feira (22), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, pediu na ONU para que "as cabeças quentes esfriassem". Ele defendeu uma "abordagem razoável e não emocional, ao invés de uma sala de aula onde as crianças brigam sem que ninguém possa detê-las".

Em uma entrevista realizada no domingo, Lavrov alertou para "uma catástrofe imprevisível" em caso de uma derrapagem entre os dois países. Segundo ele, a crise atual só pode ser resolvida através de "carícias, sugestões e persuasão".

Em pouco mais de um mês, o Conselho de Segurança da ONU aprovou duas séries de sanções econômicas (em 5 de agosto e 11 de setembro ), cada vez mais severas para forçar Pyongyang a retornar à mesa de negociação.

As discussões entre as principais potências e a Coreia do Norte sobre seus programas armamentistas foram interrompidas em 2009.

Washington adicionou novas sanções econômicas unilaterais em 21 de setembro.

Diante de Donald Trump, a Coreia do Norte parece querer responder a cada gesto com testes nucleares e lançamentos de mísseis balísticos.

No sábado, o ministro norte-coreano justificou o desenvolvimento de armamentos de seu país com o medo de um ataque americano.

"A razão profunda pela qual a Coreia do Norte possui armas nucleares está ligada aos Estados Unidos. Devemos aumentar nossa força nuclear para alcançar o nível dos Estados Unidos", disse Ri.

Na semana passada, a Coreia do Norte ameaçou testar uma bomba de hidrogênio no oceano Pacífico.

"Seria uma manifestação chocante de irresponsabilidade", disse o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis.

Editoria de Arte/Folhapress

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