Folha de S. Paulo


Judeus se preocupam com avanço da extrema direita na Alemanha

Grupos judeus na Europa e nos Estados Unidos expressaram preocupação com a ascensão da extrema direita na Alemanha após as eleições deste domingo (24).

O crescimento da sigla de direita populista AfD (Alternativa para a Alemanha) foi a novidade do pleito e, com 13,2% dos votos, o partido chega ao Parlamento pela primeira vez e como o terceiro maior.

A direita populista não era representada no Parlamento desde o fim da Segunda Guerra em 1945, o que é considerado um reflexo de esforços alemães para se distanciar dos horrores do Holocausto.

Após as eleições, o presidente do Congresso Judaico Mundial, Ronald Lauder, chamou a chanceler Angela Merkel de "uma amiga verdadeira de Israel e do povo judeu" e criticou o avanço do AfD.

"É abominável que o partido AfD, um movimento reacionário vergonhoso que repete o pior do passado da Alemanha e deveria ser proibido, agora tenha a habilidade de promover sua plataforma vil no Parlamento alemão", disse Lauder.

O AfD, que ganhou força nos dois anos, desde que Merkel acolheu mais de 1 milhão de migrantes, a maioria fugitivos da guerra no Oriente Médio, disse que a imigração compromete a cultura da Alemanha, mas nega que seja racista ou antissemita.

O Congresso Judaico Europeu, por sua vez, pediu aos partidos centristas para que cumpram seus votos e evitem formar coalizões com o AfD.

"Algumas das posições que adotou durante a campanha eleitoral exibem níveis alarmantes de intolerância não vistos na Alemanha há muitas décadas e que, claro, são de grande preocupação para os judeus alemães e europeus".

O Conselho Central dos Judeus na Alemanha disse que os resultados das eleições confirmaram seus piores medos e pediu união contra o AfD.

"Um partido que tolera o pensamento extremista de direita em suas fileiras e incita o ódio contra as minorias... agora será representado no Parlamento e em quase todas as legislaturas estaduais", disse o presidente do grupo, Josef Schuster, em um comunicado.

"Espero que nossas forças democráticas exponham a verdadeira natureza do AfD e suas promessas populistas vazias", acrescentou.

A Alemanha, que abriga hoje aproximadamente 200 mil judeus viu os crimes antissemitas aumentarem 4%, para 681 nos primeiros oito meses de 2017 em relação ao mesmo período do ano passado.

VOTAÇÃO POR PARTIDO - Em %


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