Folha de S. Paulo


Contra plebiscito por independência, Bagdá pede boicote a petróleo curdo

Azad Lashkari/Reuters
Curdos participam de manifestação a favor do plebiscito pela independência, em Erbil
Curdos participam de manifestação a favor do plebiscito pela independência, em Erbil

O governo iraquiano exortou a comunidade internacional a parar de importar petróleo dos curdos do norte do país e está exigindo que o Governo Regional do Curdistão (GRC) ceda o controle de suas fronteiras e aeroportos internacionais.

Bagdá está reagindo à decisão do GRC de realizar plebiscito, nesta segunda-feira (25), sobre a independência da área curda do Iraque.

"Os curdos iraquianos irão manter seu plebiscito sobre independência porque sua parceria com Bagdá fracassou", disse o presidente do GRC, Massoud Barzani. A região do norte do Iraque conhecida como GRC, ocupada pelos curdos, conquistou autonomia em 1991, com incentivo dos americanos.

Os curdos agora querem independência total de Bagdá e enfrentam oposição não só do governo iraquiano mas também de outros países como Turquia e Irã, onde há minorias curdas e temor de movimentos separatistas.

Um comunicado do primeiro-ministro do Iraque, Haider al Abadi, exortava "países do mundo a lidarem exclusivamente com o governo federal do Iraque em relação a petróleo e postos de entrada".

A Turquia e o Irã também vêm pressionando para que o plebiscito não seja realizado. Segundo o gabinete do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a votação "causará caos na região".

Em coletiva em Erbil, capital do GRC, Barzani afirmou que os curdos "nunca mais voltarão à parceria fracassada" com Bagdá, e afirmou que o Iraque se transformou em um "Estado teocrático e sectário"

A expectativa é que o sim vença por ampla margem, mas o resultado não é compulsório e deve ser usado pelo GRC para negociar a secessão com Bagdá.

Segundo Barzani, os curdos pretendem negociar com o governo em Bagdá para resolver disputas envolvendo territórios e petróleo e, depois, querem se tornar independentes.

Abadi considera o plebiscito inconstitucional e afirmou que a votação "poderia levar a divisões étnicas, expondo os iraquianos a perigos desastrosos".

O governo do Irã bloqueou os voos para os aeroportos do GRC e iniciou exercícios militares na fronteira entre o Irã e o território curdo iraquiano.

O Parlamento turco autorizou por mais um ano o envio de tropas turcas para o Iraque e a Síria e prometeu mais medidas. O petróleo exportado pelo GRC precisa passar pela Turquia.


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