Folha de S. Paulo


Multidão em Mianmar ataca barco da Cruz Vermelha que ajudaria rohingyas

Associated Press
This combination of satellite photos provided by DigitalGlobe, Sept. 16, 2017, left, and May 25, 2017, right, show the thousands of temporary shelters that have been erected in the Kutupalong area of Cox's Bazar, Bangladesh. The photos show refugee camps in Bangladesh growing dramatically since Rohingya Muslims began fleeing violence last month in their nearby homeland of Myanmar. (DigitalGlobe via AP) ORG XMIT: BKWS106
Imagem de satélite mostra avanço de campo de refugiados rohingyas em Bangladesh

A polícia de Mianmar teve de dispersar nesta quarta-feira (20) uma multidão que atacou um barco da Cruz Vermelha que ajudaria grupos da minoria muçulmana rohingya.

Segundo comunicado divulgado pela equipe da líder de fato de Mianmar, Aung San Suu Kyi, quase 300 pessoas se reuniram em Sittwe, cidade de maioria budista no Estado de Rakhine (zona oeste do país), e atacaram o barco com pedras e coquetéis molotov. Não há informações sobre feridos.

A região está sob tensão desde que ataques de grupos rebeldes muçulmanos contra delegacias provocaram uma campanha de repressão do Exército de Mianmar, que a ONU chegou a classificar de "limpeza étnica".

Desde então, mais de 420 mil muçulmanos rohingyas buscaram refúgio no vizinho Bangladesh para fugir da violência.

"A multidão obrigou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha a descarregar a ajuda que estava no barco e impediu a saída da embarcação", afirma o comunicado.

O barco, que transportava roupas, água e mosquiteiros, deveria seguir para Maungdaw, no distrito norte, epicentro da violência desde o fim de agosto.

A polícia deu tiros de advertência e precisou de várias horas para restabelecer a ordem. Oito pessoas foram detidas.

Nesta quarta (20), os Estados Unidos anunciaram que irão doar 32 milhões de dólares para fornecer alimentos, tratamento médico, água, saneamento básico e abrigo aos rohingyas que fugiram para Bangladesh.

Investigadores da ONU sobre direitos humanos pediram na terça-feira (19) "acesso completo e sem obstáculos" ao país, alegando que a região é cenário de uma grave crise humanitária.

AJUDA HUMANITÁRIA

O governo de Bangladesh está construindo um campo de refugiados para acolher 400 mil pessoas, mas as Nações Unidas afirmaram que levará tempo para equipá-lo com barracas, banheiros e outras instalações básicas.

Em meio às críticas da comunidade internacional, Mianmar afirma que a crise está arrefecendo.

"Estou satisfeito por lhes informar que a situação melhorou", disse na Assembleia Geral da ONU o segundo vice-presidente do país, Henry Van Thio, nesta quarta.

Segundo ele, não há confrontos desde 5 de setembro. Além disso, o governo está disposto a permitir a entrada de ajuda humanitária.

"A ajuda humanitária é nossa principal prioridade. Estamos comprometidos em assegurar que a ajuda chegue a todos que precisem dela", disse.


Endereço da página:

Links no texto: