Folha de S. Paulo


Terremoto mata mais de 20 crianças em escola do México

Ao menos 26 crianças e quatro adultos morreram em um desmoronamento de uma escola na Cidade do México nesta terça (19), em decorrência do terremoto de magnitude 7,1 graus que deixou pelo menos 230 mortos e mais de 1.800 feridos no país.

De acordo com autoridades, ao menos 30 crianças e 12 adultos continuam desaparecidos, e o número de mortos no local deve aumentar. As equipes de resgate afirmaram por volta das 18h (20h em Brasília) que ao menos quatro alunos ainda estão vivos entre os escombros.

A escola Enrique Rebsamen, localizada no extremo sul da capital mexicana, é considerada um dos locais prioritários dos trabalhos de resgate na Cidade do México.

A instituição tinha três andares e, após o tremor, ficou reduzida a um andar que ameaça desabar, o que dificulta os trabalhos de resgate. As 315 pessoas, entre alunos e professores, que estavam em um prédio anexo conseguiram sair —a construção ficou parcialmente destruída.

Terremoto no México

No local há centenas de socorristas e militares, além de dezenas de pais desesperados que procuram por informações sobre seus filhos.

"É onde temos o maior número de crianças que perderam a vida", disse à emissora Televisa o diretor-geral da Defesa Civil, Luis Felipe Puente.

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, visitou o local. Ele conversou com socorristas e prestou solidariedade aos familiares das vítimas.

"Eles continuam tirando crianças, mas nós não sabemos nada sobre a minha filha", disse Adriana D'Fargo, 32, após horas esperando por informações de sua filha de 7 anos.

Segundo a imprensa mexicana, ao menos 11 crianças e uma professora foram resgatadas com vida. Outra criança, ainda presa sob os escombros, recebeu de militares uma mangueira com oxigênio.

Editoria de Arte/Folhapress

No entorno do local da tragédia, várias pessoas se organizavam para transportar, em uma corrente humana, cestas com garrafas de água para os socorristas.

Diante da escola, duas pessoas tentavam organizar em um computador uma espécie de centro de controle, com uma lista das pessoas mortas, resgatadas e desaparecidas.

Um dos organizadores da lista relata que algumas crianças feridas foram levadas para hospitais sem o conhecimento dos pais.

O desabamento aconteceu quando responsáveis retiravam as crianças durante os tremores.

"Uma nuvem de poeira veio quando parte do edifício entrou em colapso. Tivemos que permanecer em nossas salas até que o tremor passasse", disse a professora María del Pilar Martí.

Além da Enrique Rebsamen, mais de 2.200 escolas foram danificadas em todo o país. Para que as estruturas dos prédios educacionais sejam avaliadas, as aulas foram suspensas por tempo indeterminado na Cidade do México e em nove Estados: Puebla, Oaxaca, Chiapas, Guerrero, Tlaxcala, México, Hidalgo e Michoacán.

O terremoto derrubou 44 prédios, destruiu encanamentos de gás e desencadeou incêndios pela capital e em outras cidades no centro do México. Carros foram esmagados pela queda de destroços. O governo local afirma que cem pessoas morreram na metrópole.

Outras 69 morreram no Estado de Morelos, 43 no Estado de Puebla, 13 no Estado do México, quatro em Guerrero e uma em Oaxaca.

Partes de igrejas da era colonial desmoronaram no Estado de Puebla, onde o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) localizou o epicentro do tremor, cerca de 158 quilômetros a sudoeste da capital mexicana, a uma profundidade de 51 quilômetros.

O sismo aconteceu exatos 32 anos depois de um terremoto devastador, em 1985, e menos de duas semanas depois que outro tremor matou quase cem pessoas no sul do país.

Com o tremor, o vulcão Popocatépetl, visível da Cidade do México em um dia sem nuvens, teve uma pequena erupção.

Editoria de Arte/Folhapress

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