Folha de S. Paulo


Em jantar em NY, Trump pressiona Temer e Santos sobre Venezuela

O presidente Michel Temer disse, após jantar nesta segunda (18) com os presidentes Donald Trump (EUA), Juan Manuel Santos (Colômbia) e Juan Carlos Varela (Panamá) e a vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti, em Nova York, que houve "consenso absoluto" entre os presentes contra qualquer tipo de intervenção externa na Venezuela.

"As pessoas querem que lá se estabeleça a democracia, não querem uma intervenção externa, naturalmente, mas querem manifestações que se ampliem dos países que aqui estão para os países da América Latina e os países caribenhos, de maneira a pressionar por uma solução democrática na Venezuela", disse Temer a jornalistas.

Beto Barata/Presidência da República
O presidente Michel Temer conversa com o presidente dos EUA, Donald Trump, em jantar em Nova York
O presidente Michel Temer conversa com o presidente dos EUA, Donald Trump, em jantar em Nova York

A declaração contrasta com a manifestação feita por Trump no início do encontro, em que ele afirmou que os EUA estão dispostos a "adotar ações adicionais" contra o governo venezuelano.

"Os EUA estão tomando passos importantes para responsabilizar o regime [de Nicolás Maduro]. Estamos prontos para adotar ações adicionais se o governo da Venezuela persistir no caminho autoritário contra o povo da Venezuela", disse Trump.

Em agosto, o presidente americano havia dito que não descartava uma "opção militar" contra o governo Maduro.

Segundo Temer, os cinco governos presentes concordaram sobre a importância de discutir a crise venezuelana pelos aspectos humanitário e político.

Os representantes de Brasil e Colômbia teriam relatado os problemas dos refugiados venezuelanos em seus países.

"A questão política é uma questão que cabe ao povo venezuelano. Mas, evidentemente, na opinião de todos os participantes do jantar, é preciso que logo haja uma solução democrática na Venezuela", afirmou. "Todos querem continuar a pressão para resolver, mas é uma pressão diplomática."

De acordo com o presidente, os presentes "não discutiram exatamente" o estabelecimento de sanções.

"Falou-se em sanções, mas as sanções são verbais, são palavras democráticas, são palavras diplomáticas, tal como aconteceu com a reunião de Lima.

Como esperado, não houve espaço para discussão de questões bilaterais durante o jantar de uma hora e meia.

PROTESTOS

No momento em que Temer chegou ao luxuoso Lotte New York Palace Hotel, onde se encontraria com Trump, um grupo de menos de dez pessoas gritava "fora, Temer".

Outro grupo segurava uma faixa dizendo que Trump e Temer destroem a democracia.

Policiais que vigiam o QG do governo americano às margens da Assembleia-Geral, no entanto, impediam que os grupos ficassem ali e forçavam todos a passar para o outro lado da avenida Madison. O flash mob anti-Temer se dispersou em minutos.

Mais cedo, o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, havia se encontrado com o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos e ex-embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon.

"Concordamos que é importante continuar a pressão internacional [sobre a Venezuela] para que isso possa ter algum efeito e levar a Venezuela a uma mudança política", disse o ministro brasileiro após a reunião.

Segundo Aloysio, os dois também fizeram um "balanço rápido" do andamento de dez pontos da agenda bilateral que o ministro brasileiro e Tillerson concordaram em acelerar durante encontro em junho. "As coisas estão avançando", disse o chanceler.


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