Folha de S. Paulo


Em jantar, Trump deve cobrar Temer sobre Venezuela

Ludovic Marin/AFP
US President Donald Trump (L) shakes hands with Brazil's President Michel Temer at the beginning of the third working session of the G20 meeting in Hamburg, northern Germany, on July 8, 2017.?The G20 summit wraps up, with world leaders seeking to reach an agreement on a final joint statement despite divisions with US President Donald Trump over trade and climate change. / AFP PHOTO / AFP PHOTO AND POOL / LUDOVIC MARIN / SOLELY FOR REUTERS AND EPA
Donald Trump e Michel Temer no encontro do G20, na Alemanha

Menos de uma semana após se tornar alvo de inquérito no STF por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro e de uma nova denúncia da Procuradoria-Geral da República de comandar organização criminosa e obstruir a Justiça, o presidente Michel Temer chega a Nova York nesta segunda (18) para sua participação na Assembleia Geral da ONU.

As cerca de 48 horas que deverá passar na cidade prometem ser um breve descanso em meio ao turbilhão da crise que enfrenta no Brasil.

Temer iniciará a agenda já com o mais importante compromisso: um jantar com o anfitrião Donald Trump e os colegas Juan Manuel Santos, da Colômbia, e Juan Carlos Varela, do Panamá. A vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti, também participará do encontro.

O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, cancelou sua ida a Nova York, onde participaria do jantar, por causa da crise política em seu país.

Interlocutores dos lados brasileiro e americano reconhecem que haverá pouca oportunidade para falar sobre temas bilaterais, como comércio —em especial a suspensão, pelos EUA, da importação de carne bovina in natura do Brasil.

O foco dos EUA para o jantar é a crise na Venezuela. E, segundo a Folha apurou, Trump espera ouvir de Temer propostas de ações que o Brasil possa tomar para pressionar mais o regime de Nicolás Maduro. Um exemplo citado é o movimento feito pelo Panamá, que recentemente estabeleceu a obrigatoriedade de visto a venezuelanos (com exceção para refugiados), atingindo pessoas do alto escalão do governo.

O governo brasileiro queria um encontro bilateral e buscava isso desde março, quando os dois presidentes se falaram por telefone e Trump disse que gostaria de receber Temer na Casa Branca. Mas a própria crise envolvendo o presidente brasileiro se colocou como entrave principal para organizar uma visita de trabalho.

Na manhã de terça (19), Temer abrirá a sessão de debates da Assembleia Geral da ONU com seu discurso —é tradição que o presidente brasileiro o faça; no mesmo dia, reúne-se com líderes da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).

Temer também participará, na quarta (20), da cerimônia de assinatura do tratado sobre proibição de armas nucleares, acordado entre 122 países. Potências nucleares, como EUA e Rússia, não fazem parte.

Antes de embarcar de volta, ele falará em um seminário sobre o Brasil promovido pelo jornal "Financial Times", na companhia do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.


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