A ferramenta para venda de propagandas do Facebook permitia que o anunciante escolhesse como público-alvo antissemitas e outros grupos de ódio.
A informação foi revelada pelo site jornalístico americano ProPublica na quinta-feira (14). Após ser informado da reportagem, o Facebook cancelou a opção.
A ferramenta do Facebook permite ao anunciante escolher uma série de categorias para a qual determinada propaganda vai aparecer.
Essas categorias são criadas de modo automático por um algoritmo e são baseadas nas informações fornecidas pelos usuários em seus perfis.
Loic Venance/AFP | ||
Logo do Facebook em evento na França; empresa disse trabalhar para resolver a questão |
Assim, é possível escolher fazer uma propaganda apenas para moradores de Belo Horizonte, para corintianos ou para fãs da Lady Gaga. E também para uma categoria chamada "ódio a judeus" ("jews hater", no original).
A categoria não aparece inicialmente para o usuário, é necessário digitá-la. Ao digitar uma palavra, porém, outras semelhantes aparecem, porém.
Foi isso que a ProPublica fez para comprovar a questão. A publicação comprou US$ 30 em anúncios para promover uma de suas reportagens.
Inicialmente escolheu a categoria "ódio a judeus". Como ela não tinha pessoas suficientes (tem apenas 2.274 usuários), teve que escolher outras.
Desse modo, também incluiu "como queimar judeus", "história de como os judeus arruinaram o mundo" e "Hitler não fez nada errado".
Todas essas categorias apareciam dentro do tópico "campos de estudo". Isso significa que os usuários incluíram esses termos nesse tópico na descrição do perfil.
Como o número de usuários das categorias ainda não era suficiente, a ProPublica incluiu outras ligadas ao nazismo, como "German Schutzstaffel" (a SS, guarda de elite nazista ) e "Nazi Party" (partido nazista).
Também foi incluído uma categoria com o nome do Partido Democrático Nacional alemão, de extrema direita.
Depois de 15 minutos, o Facebook autorizou o anúncio focado no público.
Essa não é a única polêmica recente que envolve o Facebook. O jornal americano "The New York Times" fez uma matéria mostrando que o hackers russos teriam criados perfis falsos no site e no Twitter para atacar Hillary Clinton durante a eleição de 2016.
RESPOSTA
Após ser informado pela ProPublica, o Facebook disse que cancelou as categorias de ódio citadas na matéria.
Na sequência, a empresa anunciou que iria retirar a opção de "campos de estudo" na hora de definição de público-alvo até criar um modelo que impeça que ela seja usada para disseminação de ódio.
A companhia informou que algumas vezes o algoritmo cria categorias que vão contra os padrões de comportamento do próprio Facebook e, por isso, elas são eliminadas.
A empresa também afirmou que trabalha para impedir que casos semelhantes voltem a acontecer.