Folha de S. Paulo


Incêndio em dormitório de escola religiosa na Malásia deixa 23 mortos

Chong Voon Chung/Xinhua
KUALA LUMPUR, Sept. 14, 2017 (Xinhua) -- Local residents and journalists gather near the fire site at a religious school in Kuala Lumpur, Malaysia, on Sept. 14, 2017. At least 25 people have died in a fire at a religious school in Kuala Lumpur early Thursday morning, the Malaysian Fire and Rescue Department said in a statement. (Xinhua/Chong Voon Chung) (psw)
Bombeiros e polícia na escola religiosa próxima a Kuala Lumpur onde 21 alunos morreram em incêndio

Um incêndio bloqueou a única saída de um dormitório de estudantes em uma escola islâmica nos arredores da capital Kuala Lumpur, na Malásia, na madrugada desta quinta-feira (14).

Dois professores e 21 estudantes de idades entre 13 e 17 anos morreram. O ministro da saúde, S. Subramaniam, disse que os 23 corpos foram encaminhados ao departamento forense para identificação.

Ele também afirmou que outros seis estudantes e um residente que tentaram socorrer as vítimas foram hospitalizados, quatro deles em condições críticas.

Os bombeiros foram acionados às 5h40 (18h40 em Brasília) e precisaram de uma hora para apagar as chamas do prédio de três andares.

Um representante do corpo de bombeiros contou que o incêndio começou próximo à porta do dormitório dos alunos, prendendo as vítimas dentro do cômodo, já que as janelas tinham grades.

Autoridades acreditam que a causa teria sido um curto-circuito elétrico, mas informaram que as investigações ainda não foram concluídas.

Testemunhas descreveram cenas de horror.

O professor islâmico Arif Mawardy contou ter sido acordado pelo barulho do que acreditava ser uma tempestade, para depois descobrir que se tratava dos gritos das vítimas presas dentro do dormitório.

Segundo a mídia local, a moradora Nurhayati Abdul Halim disse ter visto "suas pequenas mãos [dos estudantes] para fora das grades das janelas, pedindo ajuda...".

"Ouvi gritos e choro mas não pude fazer nada. O fogo era forte demais para que eu tentasse qualquer coisa", afirmou.

Chong Voon Chung/Xinhua
KUALA LUMPUR, Sept. 14, 2017 (Xinhua) -- Photo taken on Sept. 14, 2017 shows burnt windows at a religious school in Kuala Lumpur, Malaysia. At least 25 people have died in a fire at a religious school in Kuala Lumpur early Thursday morning, the Malaysian Fire and Rescue Department said in a statement. (Xinhua/Chong Voon Chung) (psw)
Os estudantes ficaram presos quando as chamas bloquearam a saída; as janelas tinham grades

Segundo Halim, a escola funcionava desde o ano passado.

Noh Omar, ministro de bem-estar urbano, moradia e governança local da Malásia, disse que o projeto arquitetônico original do prédio previa que o andar superior fosse livre e desse acesso a duas escadas de emergência.

Segundo ele, uma parede foi construída dividindo o andar, deixando o dormitório com apenas uma saída.

"Aquela parede não deveria estar lá", disse. Segundo o ministro, a escola havia pedido um alvará de prevenção de incêndio que não havia sido aprovado.

A escola, chamada Darul Quran Ittifaqiyah, é um centro islâmico privado, conhecido como uma escola "tahfiz", que se destina a educar principalmente garotos e a ensiná-los o Corão. Na Malásia, a maioria da população segue a religião muçulmana.

Mohamad Zahid Mahmod, o diretor da escola, foi citado pelo jornal "Berita Harian" dizendo que os alunos estavam alojados em um prédio temporário por causa de reformas no prédio principal. Ele afirmou que os adolescentes voltariam ao prédio original no início deste mês.

O diretor também disse que a escola está aberta há quinze anos e foi registrada junto ao Conselho Religioso Islâmico Estatal. Ele contou que o estabelecimento abrigava 42 estudantes, seis professores e dois supervisores.

Porém, um representante do Conselho disse que não há nenhum registro da escola.

Segundo o jornal "The Star", há 519 centros educacionais "tahfiz" registrados em todo o país até abril deste ano, mas acredita-se que o número real de escolas funcionando seja muito maior. Várias das escolas "tahfiz" são isentas de inspeções do governo.

O jornal relatou que os bombeiros atenderam a 211 incêndios em escolas islâmicas desde 2015.

Em agosto deste ano,16 pessoas fugiram de um incêndio em uma escola "tahfiz" no Estado Kedah, no norte da Malásia. Outra escola foi destruída em um incêndio em maio, mas não houve feridos.


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