Folha de S. Paulo


Região do tremor no México ainda sofre com réplicas

Cidade mais próxima do epicentro do terremoto de magnitude 8,1 que atingiu o México na noite de quinta (7), Pijijiapan, no Estado de Chiapas, sofre com as constantes réplicas do abalo sísmico.

Porém, os danos no município de 50 mil habitantes não passaram de rachaduras em casas e muros mais antigos. A única falha na rede elétrica foi um pique de luz minutos após o tremor.

Em Chocohuital, o barqueiro Albino González lamenta a queda dos dois píeres onde atracavam as lanchas que levam às praias do outro lado do distrito.

"Graças a Deus não houve danos maiores nas nossas casas e continuamos a fazer a travessia", disse.

Salvo pelo fechamento das escolas e por prédios interditados para avaliação, a população anda nas ruas quase que normalmente.

Enquanto isso, a situação é catastrófica ao norte do golfo de Tehuantepec. Dos 98 mortos devido ao tremor, mais de 60 pessoas eram de Juchitán, em Oaxaca, a pouco mais de 100 km do epicentro.

Outros 20 morreram em cidades vizinhas. Pijijiapan, por sua vez, não tem mortes a lamentar —as 16 vítimas perderam a vida em outras cidades de Chiapas.

Para Xyoli Pérez, geofísica do Serviço Sismólogico Nacional da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), as situações das duas cidades são exemplo de que a maior parte da energia do tremor foi rumo ao norte.

"Às vezes os sismos pegam um sentido preferencial e afetam mais aqueles que se encontram nessa direção. Em um primeiro momento as informações indicam isso, mas estamos verificando para confirmar essa hipótese", disse à Folha.

Uma das evidências, afirma, vêm das quase 1.500 réplicas registradas pelo Serviço Sismólogico Nacional em cinco dias. "Todas ocorrem na mesma região e têm a mesma tendência."

Ela ainda elenca como motivos a qualidade das construções e do solo, e, nisso, as duas cidades se diferenciam.

Juchitán possuía uma grande quantidade de casas de adobe e pau-à-pique e prédios sem vigas de sustentação e com puxadinhos que sobrecarregam suas fundações.

No caso de Pijijiapan, as casas, mais modernas, são de tijolos de cimento e vergalhões, inclusive em sua zona rural.

Quanto ao solo, um exemplo é a Cidade do México. Assentada sobre o aterrado lago de Texcoco, aparece nos mapas sismológicos atingida com maior intensidade que áreas mais próximas do epicentro.

TRABALHO

Assim como em Pijijiapan, os danos foram pequenos em Tonalá, a 80 km ao norte. Nesta terça (12), soldados do Exército e funcionários federais tiravam escombros das casas caídas em três quadras.

Editoria de Arte/Folhapress

Na praça principal, o coreto virou um centro de arrecadação de alimentos e dezenas de desabrigados formavam fila na prefeitura para dar entrada em seus pedidos de auxílio.

Moradores afirmam que as ações começaram na segunda (11), enquanto o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, visitava Tonalá.

Ainda em Chiapas, oito soldados se feriram quando o helicóptero em que viajavam teve que fazer um pouso de emergência na região montanhosa do Estado.

A rotina da região continua fortemente afetada pelo desastre. Cerca de 100 mil alunos estão sem aulas —136 escolas foram gravemente danificadas, e 1.400 sofreram danos menores.


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