Folha de S. Paulo


Maduro aceita convite de líder dominicano para diálogo com oposição

O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, aceitou um diálogo com a oposição proposto nesta terça (12) pela República Dominicana e o ex-chefe de governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero para resolver a crise política do país.

"Sabe muito bem Zapatero, o presidente [dominicano Danilo] Medina, que fui promotor deste diálogo e aceito esta nova jornada de diálogo", afirmou Maduro durante uma reunião com seu gabinete transmitida pela televisão estatal venezuelana.

A coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), anunciou na noite desta terça-feira que fará uma reunião com o presidente dominicano, Danilo Medina, para explorar a possibilidade de diálogo, mas disse que ainda não decidiu se participará do diálogo.

Presidência da Venezuela/Reuters
O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, discursa em sessão da Assembleia Constituinte
O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, discursa em sessão da Assembleia Constituinte

"O convite não representa um começo formal de diálogo com o governo" disse o grupo em nota. "Para começar sérias negociações, nós exigimos ações concretas imediatas que mostrem uma verdadeira vontade de resolver os problemas e não um esforço para ganhar tempo."

Caso o diálogo ocorra, não será a primeira vez que Maduro e opositores aceitam sentar à mesa de diálogo. O Vaticano mediou um processo de conversa entre chavismo e oposição no final do ano passado. A oposição, porém, se retirou em janeiro deste ano, quando acusou Maduro de descumprir a promessa de soltar os presos políticos.

Também nesta terça, o regime venezuelano acusou a ONU de mentir sobre a situação do país.

O alto comissário para os direitos humanos afirmou na segunda (11) que o regime pode ter cometido crimes contra a humanidade com o uso excessivo de força contra manifestantes na onda de protestos antichavismo que ocorreram nos últimos meses em todo o país.

Nesta terça, o secretário-geral da ONU, o português Antonio Guterres, deu apoio a iniciativa de um diálogo.

"O secertário-geral encoraja os atores políticos da Venezuela a aproveitarem a oportunidade para demonstrar o compromisso de resolver os desafios do país através da mediação e de meios pacíficos", disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.

O ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, também elogiou a iniciativa. "Fiquei feliz em saber que o diálogo coma oposição recomeça amanhã", disse ele após se encontrar com seu homólogo venezuelano, Jorge Arreaza Montserrat, em Paris.

Drian avisou, porém, que caso as conversas não avancem, a União Europeia poderá fazer uma rodada de sanções contra o país.


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