Folha de S. Paulo


Vítimas do Irma no Caribe sofrem com devastação, falta de alimento e água

Seis dias após o furacão Irma tocar o solo do Caribe pela primeira vez, milhares de pessoas ainda sofrem com a falta de água, alimento e com a onda de violência que eclodiu nas ilhas mais afetadas.

Quando atingiu o Caribe, o Irma era classificado como um furacão de categoria 5 e um dos mais poderosos da história a se formar no oceano Atlântico. Pelo menos 43 pessoas morreram.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a passagem do Irma pela região deixou milhares de pessoas desabrigadas. Segundo a entidade, há a necessidade também de mais médicos.

"Não há comida e nem água aqui", afirma Germania Perez, 70, que mora na ilha de Saint Martin.

Somente na parte holandesa de Saint Martin, cerca de 5.000 pessoas estão sem alojamento por causa dos danos causados em 40% das construções.

"É triste quando você volta para casa e encontra isso", disse Dominga Tejera, se referindo a uma cama improvisada em uma poltrona de plástico e ao telhado de sua casa, que foi arrancado pela tempestade. "Você tenta se manter forte em público, mas por dentro, você quebra".

Nessas áreas, até as pequenas coisas são comemoradas, como um anúncio na rádio de que o consultório de um dentista local foi reaberto.

As ilhas mais afetadas precisam lidar também com os saques, que eclodiram em meio ao caos provocado pela passagem do furacão.

'VIDA NORMAL'

Na tentativa de amenizar o descontentamento dos habitantes diante da falta de organização, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o rei da Holanda, Willem-Alexander, viajaram nesta terça-feira (12) para ilhas afetadas pelo Irma.

Os governos francês, holandês e britânico são acusados de demorar para enviar socorro e reforçar a segurança nas regiões que mais sofreram com a passagem do furacão.

"Retornar à vida normal é a nossa principal prioridade", disse Macron, que esteve na ilha francesa de Guadalupe e deve ir na tarde desta terça para as ilhas de Saint Martin e Saint Barts, as duas mais afetadas pelo Irma. "Este é momento de unidade nacional", afirmou.

O presidente, entretanto, foi alvo de críticas de pessoas que reclamaram da falta de apoio.

"Ficamos quatro, cinco dias sem ajuda. Tivemos que nos defender de pessoas armadas", disse Fabrice, proprietário de um restaurante em Saint Martin."A gestão do Estado francês? Sinto muito, mas foi zero", afirmou.

Já o rei da Holanda, Willem-Alexander, deve visitar as ilhas de Saba e Sint Eustatius depois de passar a noite na parte holandesa de Saint Martin.

"Vi a guerra e outros desastres naturais, mas nada assim, está tudo devastado", disse Willem-Alexander ao canal público NOS.

Centenas de turistas ainda tentam sair de Saint Martin e formam filas do lado de fora do aeroporto Princess Juliana.

A agente de segurança Dalaney Kertzious, 44, conta que as janelas do hotel em que se abrigava estouraram com a passagem do furacão Irma. Hoje ela não tem onde passar a noite e não quer voltar para a sua casa porque o furacão destruiu o telhado.

"A situação é como nos filmes. Na verdade, está pior", diz Raju Budhrani, 51.

Editoria de Arte/Folhapress
Furacão Irma

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