Folha de S. Paulo


Apenas 61% das crianças refugiadas estudam, diz ONU

Christos Theodorides
Crianças que fugiram da guerra na Síria em um campo de refugiadas no Chipre
Crianças que fugiram da guerra na Síria em um campo de refugiadas no Chipre

Mais de 3,5 milhões de crianças refugiadas estão fora da escola, segundo um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) publicado nesta segunda-feira (11).

No mundo, 91% das crianças frequentam a escola primária; entre as crianças refugiadas, são apenas 61% e, em países de baixa renda, menos de 50%.

"Dos 17,2 milhões de refugiados sob mandato do Acnur, metade são crianças", disse Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para refugiados.

"A educação desses jovens é crucial para o desenvolvimento sustentável e pacífico dos países que os acolhem, e para seus países de origem, quando eles puderem retornar."

Mas, segundo Grandi, em comparação com outras crianças e adolescentes de todo o mundo, os refugiados têm muito menos oportunidades educacionais.

Apesar de os números serem preocupantes, houve melhora —em 2015, apenas 50% das crianças refugiadas estavam na escola primária.

O índice subiu para 61% graças a medidas de países vizinhos à Síria para matricular mais crianças refugiadas nas escolas locais e outros programas educacionais, e a chegada a países europeus, onde a matrícula é obrigatória.

O problema piora na medida em que as crianças refugiadas crescem. Apenas 23% dos adolescentes refugiados estão matriculados no ensino médio, em comparação a 84% dos adolescentes em geral. Nos países de baixa renda, que acolhem 28% dos refugiados do mundo, os números são ainda menores— apenas 9%.

Apenas 1% dos refugiados está matriculado no ensino superior, diante de 36% no mundo.

No relatório "Deixados para trás - A educação dos refugiados em crise", o Acnur insiste para que a educação seja considerada parte fundamental das operações humanitárias com refugiados, e que seja garantida por financiamento de longo prazo.

A agência exorta governos a incluírem os refugiados em seus sistemas nacionais de educação, reconhecendo que, em alguns países, há dificuldades por causa da falta de recursos.


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