Folha de S. Paulo


ANÁLISE

Risco de a Coreia do Norte poder hackear GPS causa preocupação

A possibilidade de a Coreia do Norte ter interferido em sistemas de navegação e levado às colisões que tiraram do teatro de operações da região dois destróieres norte-americanos joga luz à vulnerabilidade do GPS.

Sigla inglesa para Sistema de Posicionamento Global, o GPS está em tudo, do celular à guiagem de navios de guerra. O nome se refere ao sistema criado pelos EUA em 1978, com 31 satélites, mas há similares geridos por vários países, como Rússia (Glonass, 24 satélites), Galileo (União Europeia, 15 satélites) e China (BeiDou, 21 satélites).

Essa universalidade não veio com medidas de segurança correspondentes. É relativamente fácil para um hacker atacar um GPS guiando navios de guerra ou as embarcações comerciais que acabaram batendo neles.

Isso ocorre de duas formas. O bloqueio ou interferência do sinal corta a comunicação, mas é facilmente detectável pela vítima. Já o chamado "spoofing", ou mascaramento, mimetiza a frequência captada pelo receptor. Em outras palavras, o alvo acredita estar seguindo coordenadas certas, mas está sendo levado para outro ponto.

Mass Communication Specialist 2nd Class Joshua Fulton/AP
Damage to the portside is visible as the Guided-missile destroyer USS John S. McCain (DDG 56) steers towards Changi naval base in Singapore following a collision with the merchant vessel Alnic MC Monday, Aug. 21, 2017. The USS John S. McCain was docked at Singapore's naval base with
USS John S. McCain sofreu danos laterais em colisão com navio mercante Alnic MC

O problema é particularmente grave no mar, não só em situações de conflito, mas pelo fato de que 90% do comércio mundial é feito em navios, e eles não têm sistemas alternativos de navegação, ao contrário das aeronaves.

Uma saída para isso está sendo estudada na Coreia do Sul, que ressuscitou com roupagem cibernética o rádio de comunicação naval da Segunda Guerra Mundial.

Seu sinal é quase 1,5 milhão de vezes mais potente do que o do GPS, mas depende de instalações enormes.

As técnicas de "spoofing" vêm sendo treinadas há anos pela Rússia e pela China, cientes da necessidade de desviar o vasto arsenal de bombas e mísseis ocidentais que utilizam o GPS como seu sistema de guiagem primário.

Em junho, segundo a publicação "New Scientist", a Administração Marítima americana registrou cerca de 20 incidentes de navios com problemas de orientação por GPS no mar Negro, perto da Crimeia anexada pela Rússia.

No ano passado, Seul acusou o Norte de usar o expediente contra uma frota pesqueira -Pyongyang negou. Washington afirma que não detectou problemas no GPS de seus navios abalroados.


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