Folha de S. Paulo


Brasileiro relata tensão no Japão após ameaça de míssil norte-coreano

Há 23 anos trabalhando no Japão, o brasileiro Fausto Prado, 53, já viveu muita tensão com desastres naturais como o tsunami que provou o vazamento na usina nuclear de Fukushima (2011) e terremotos, mas a ameaça nuclear da Coreia do Norte, que nesta segunda (27) lançou um míssil de teste que cruzou o país, foi uma experiência que ele considera "assustadora".

Prado, que trabalha em uma indústria de produção de telefones celulares em Kato, nas proximidades de Osaka —a 500 km ao sul de Hokkaido, que o míssil sobrevoou—, ficou sabendo do lançamento do projétil logo cedo, quando ligou a TV.

KCNA/AFP
Foto da agência estatal KCNA mostra o que teria sido o lançamento de mísseis norte-coreano desta terça
Foto da agência estatal KCNA mostra o que teria sido o lançamento de míssil norte-coreano desta terça

"Estamos vivendo uma situação de medo há meses com essas ameaças da Coreia do Norte, mas esta terça-feira (29, no Japão, noite de segunda no Brasil) foi assustadora porque logo que acordamos, todos os canais de TV, falavam sobre o míssil que cruzou o Japão. A impressão que se tem é que, não demora, o país será atacado."

Segundo o brasileiro, cuja família é da região de Ribeirão Preto, o clima na comunidade em que vive é de que algo pode acontecer a qualquer momento.

"A orientação que temos é a de que, em caso de alerta, pegar os documentos, uma reserva de dinheiro e correr para os abrigos mais próximos, que são vários. A imprevisibilidade de um ataque é o que mais nos abala. A preocupação é a todo momento. É como se preparar todos os dias para um tsunami."

Embora a tensão esteja grande, a rotina foi mantida no país. Não há pânico nem corrida para a compra de água ou para estocagem de alimentos.

"Os japoneses só estão falando sobre o míssil e sobre a Coreia do Norte. Um receio das pessoas é que as fábricas passem a produzir menos, o que vai causar impacto nos salários. É nítido na feição dos japoneses um ar de preocupação", diz Prado.

Segundo o brasileiro, o governo japonês tem dado avisos para que, se alguém encontrar pedaços ou resquícios do míssil, alertar imediatamente as autoridades.

Editoria de Arte/Folhapress

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