Folha de S. Paulo


Venezuela realiza 2º dia de exercícios militares em reação a sanções dos EUA

A força armada da Venezuela realizou neste domingo (27) o segundo dia de exercícios militares ordenados pelo ditador Nicolás Maduro em resposta às advertências feitas pelo governo do americano Donald Trump, um dia após os EUA adotarem novas sanções contra o setor petrolífero venezuelano.

Soldados armados marcharam em uma região rural no Estado de Cojedes (centro), epicentro das manobras, que começaram com uma explosão e o toque de um alarme.

As tropas foram acompanhadas por blindados, aviões supersônicos e helicópteros, enquanto integrantes de milícias chavistas formadas por civis simularam tarefas de apoio a esquadrões de paraquedistas.

"Somos atacados por forças inimigas", dizia um locutor em um dos alto-falantes levados ao ato, que foi transmitido ao vivo pela emissora de televisão oficial "VTV".

As manobras no Estado de Cojedes foram acompanhadas pelo ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino López, e pela cúpula militar. Nos exercícios foram utilizados armas e explosivos comprados da Rússia.

"Vimos uma sincronia perfeita entre os integrantes" da força armada, afirmou Padrino López em discurso após o treinamento militar.

Na sexta-feira (25), um decreto do governo Trump proibiu a negociação de dívida emitida pelo governo venezuelano e pela estatal PDVSA, em ato qualificado por Maduro de "agressão brutal" que abriria terreno para uma possível intervenção americana.

O alto comando da força armada venezuelana declarou "lealdade incondicional" ao ditador venezuelano, que enfrenta forte oposição popular.

Os exercícios ocorrem após Trump anunciar, em 11 de agosto, que considerava uma eventual "opção militar" para responder à grave crise política e econômica que a Venezuela enfrenta.

Funcionários da administração americana advertiram que os EUA não ficarão de braços cruzados enquanto a Venezuela caminhava para uma "ditadura".

No sábado, no primeiro dia de exercícios militares, dezenas de civis receberam aulas de como atirar com fuzis, combate corpo a corpo e até de como usar canhões antiaéreos, em manobras realizadas em Los Próceres, Caracas.

O ministro venezuelano afirmou que as ações demonstram "o caráter popular" da defesa do país.

A pressão internacional contra Maduro aumentou após a instalação de uma Assembleia Constituinte convocada pelo ditador.

A Constituinte não é reconhecida por Estados Unidos e vários outros governos latino-americanos, entre eles o Brasil.


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