Folha de S. Paulo


Caracas realiza exercício militar para desafiar Trump

Andres Martinez/Reuters
Membros de milícia chavista preparam-se para exercício militar em Caracas

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou neste sábado (26) milhares de soldados e civis armados para dois dias de exercícios militares em resposta a "ameaça" do governo de Donald Trump, um dia após sanções dos EUA contra o setor petrolífero venezuelano.

"As pessoas e as FANB (Forças Armadas Nacionais Bolivarianas) assumem a defesa do território e da soberania", declarou Maduro numa rede social.

Os ensaios estavam previstos já há duas semanas, depois de Trump afirmar que uma intervenção militar não estava descartada entre as opções para resolver a crise venezuelana.

Caracas diz que 200 mil integrantes das FANB e 700 mil civis de milícias chavistas participarão das atividades.

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, inaugurou os exercícios neste sábado em uma base em Macarao, onde acompanhou um treino de atiradores de elite.

Em praças de Caracas, civis de milícias chavistas fizeram treinamentos com armas e simularam situações de combate. A embaixada dos EUA advertiu os americanos que residem na Venezuela contra as manobras, alertando para o risco no envolvimento de civis armados.

Padrino afirmou que neste domingo (27) ocorrerão manobras de combate com artilharias e tanques.

Para analistas locais, Maduro tenta passar, com os exercícios, uma imagem de unidade dos militares e de lealdade ao regime.

No início de agosto, 20 homens, entre eles três oficiais, atacaram uma base militar estratégica em Valencia (180 km a oeste de Caracas) e roubaram armas. Líderes da operação, na qual dois dos rebeldes morreram, foram capturados.

O episódio, embora sem participação direta de altos oficiais, foi um sinal de que há fissuras dentro das forças militares venezuelanas.


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