Folha de S. Paulo


Ataques de rebeldes muçulmanos em Mianmar deixam ao menos 71 mortos

Ao menos 71 policiais e rebeldes morreram nesta sexta-feira (25) em vários ataques de muçulmanos rohingyas (minoria islâmica) na região oeste de Mianmar, segundo autoridades birmanesas.

De acordo com balanço divulgado pelo governo de Aung San Suu Kyi, 12 membros das forças de segurança e 59 "terroristas" rohingyas morreram nos confrontos.

"Militares e policiais combatem juntos contra os terroristas", escreveu mais cedo o general Min Aung Hlaing nas redes sociais.

Com a maioria budista, o Mianmar é marcado pela influência de monges radicais que denunciam os muçulmanos como uma ameaça. Estes são os confrontos mais violentos em vários meses na região do Estado de Rakhine, cenário de grande tensão entre muçulmanos e budistas.

No Estado vivem milhares de rohingyas, uma minoria muçulmana vítima de fortes discriminações em Mianmar. Eles não têm acesso a hospitais, escolas e nem ao mercado de trabalho.

Os rohingya não têm direito a cidadania e são vistos por muitos em Mianmar como imigrantes ilegais da vizinha Bangladesh, apesar de reivindicarem raízes na região.

Mais de 20 delegacias de polícia foram atacadas por 150 rebeldes rohingyas, de acordo com o governo civil.

O general Min Aung Hlaing afirmou que "os combates prosseguiam" nesta sexta na região de fronteira com Bangladesh, principalmente ao redor das delegacias de polícia das cidades de Kyar Gaung Taung e Nat Chaung. Segundo o militar, os rebeldes roubaram armas em várias das delegacias.

"A situação é complicada. Os militares devem enviar reforços", disse o chefe de polícia de Buthidaung, perto da área mais afetada.

O governo birmanês mencionou "a coincidência dos ataques com a publicação do relatório final" da comissão liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan sobre a situação no Estado de Rakhine.

A comissão estimulou o governo a dar mais direitos aos rohingyas, para evitar uma "radicalização".

Após confrontos em 2016, o Exército intensificou as ações na região, incendiando vilarejos e obrigando os rohingyas a fugirem para Bangladesh.

O Exército de Salvação Arakan Rohingya, um grupo antes conhecido como Harakah al-Yaqin que instigou os ataques de outubro, assumiu a autoria da ofensiva desencadeada e avisou que outras virão.

A situação é particularmente difícil para os 120 mil muçulmanos que vivem nos acampamentos de deslocados no Estado de Rakhine, de onde poucos podem sair.

Editoria de Arte/Folhapress
OS ROHINGYASMinoria islâmica do oeste de Mianmar vive marginalizada; milhares fogem para Bangladesh

Endereço da página:

Links no texto: