Folha de S. Paulo


EUA aplicam sanções a irmão de Hugo Chávez e mais sete aliados de Maduro

Os EUA estenderam nesta quarta-feira (9) as sanções contra a Venezuela a mais oito membros do regime de Nicolás Maduro, incluindo o irmão de Hugo Chávez, Adán, e outros cinco integrantes da Assembleia Constituinte.

A medida acontece dias depois de o governo de Donald Trump ter colocado o líder venezuelano, que considera um ditador, na lista das punições econômicas e ameaçado todos os 545 constituintes com as mesmas medidas.

Juan Barreto - 30.mar.2013/AFP
O irmão mais velho de Chávez, Adán, conversa com Nicolás Maduro durante campanha em 2013
O irmão mais velho de Chávez, Adán, conversa com Nicolás Maduro durante campanha em 2013

Além de Adán, serão atingidos os ex-ministros Carmen Meléndez, Erika Farías e Francisco Ameliach e os chavistas Hermann Escarrá e Darío Rivas, empossados na sexta (4) na Casa destinada a trocar a Constituição.

O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, voltou a qualificar a Constituinte de ilegítima e afirmou que Maduro a instalou para "continuar sustentando sua ditadura e endurecer seu controle sobre o país".

"Este menosprezo do regime ao desejo do povo venezuelano é inaceitável e os Estados Unidos estará com ele na oposição à tirania até que a Venezuela volte a ser uma democracia pacífica e próspera."

As sanções também se aplicam a Tania D'Amelio, reitora do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), e a Bladimir Hugo, coronel da Guarda Nacional acusado de fazer vista grossa e ordenar agressões a deputados opositores.

Assim como nos casos anteriores, o Departamento do Tesouro congelou o patrimônio e os recursos que possam ter nos EUA e proibiu cidadãos e empresas americanas de realizarem qualquer transação com eles.

Maduro foi alvo das sanções em 31 de julho, dia seguinte à eleição da Constituinte. Outras 21 pessoas entraram na lista desde abril, incluindo juízes, ministros, militares e executivos da petroleira estatal PDVSA.

Dentre as justificativas, estão a participação na organização da Constituinte, a ação violenta das forças aliadas ao regime nas manifestações opositoras e corrupção no comércio exterior e na extração de petróleo.

Em resposta, o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, considerou que os EUA fazem um papel ridículo ao continuar com as sanções. "Quando se viu na história que um centro de poder condene cidadãos por organizar eleições?"

Mais cedo, ele se reuniu com diplomatas de 11 países latinos críticos, incluindo o Brasil, para tentar reconstruir o diálogo. Na terça, os governos dos participantes do encontro anunciaram que não reconhecem a Assembleia Constituinte.

ELEIÇÕES

Nesta quarta, a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) anunciou que participará das eleições para os governos estaduais, previstas para 10 de dezembro, em decisão que afirmam ter sido consensual.

Segundo o dirigente Andrés Velásquez, a oposição continuará a convocar protestos contra o regime mesmo durante a campanha eleitoral e não permitirá que a pressão das ruas diminua, em aceno aos manifestantes.

"A decisão de inscrever os candidatos da MUD [na eleição] é acompanhada pelo aprofundamento da pressão social. Daríamos costas àqueles que fizeram um sacrifício contra este governo [se parassem os protestos]."

A estratégia, diz Velásquez, é pressionar Maduro e o CNE a manterem a eleição, embora considerem as condições injustas. "É uma forma de luta e não considerá-la é a melhor forma de validar e fortalecer a ditadura."

Este foi o argumento da ala moderada da MUD, que inclui o Primeiro Justiça (centro-direita), de Henrique Capriles, a Ação Democrática (centro), de Henry Ramos Allup, e o Avanço Progressista (centro-esquerda), de Henri Falcón.

O Vontade Popular (direita), de Leopoldo López, seguiu o grupo. Agremiações mais à direita, como a Aliança Bravo Povo, de Antonio Ledezma, e o Venha Venezuela, de María Corina Machado, haviam se negado a participar.

Prevista inicialmente para dezembro de 2016, a votação para os governos estaduais foi adiada três vezes, o que a oposição considerou ser uma manobra do regime para evitar uma derrota como a parlamentar de 2015.

Pesquisas apontam que a MUD elegeria governadores em 18 dos 23 Estados. A eleições, porém, estão ameaçadas pela Assembleia Constituinte, que, com seu poder supremo, pode cancelá-las ou alterar suas regras.

Nesta quarta o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) condenou o quinto prefeito opositor a 15 meses de prisão por desacatar uma decisão que o obrigava a impedir bloqueio de ruas por manifestantes em suas cidades.

David Smolansky governava El Hatillo, um dos cinco municípios de Caracas. Além dele, Gustavo Marcano (Lechería), Alfredo Ramos (Irribaren), Carlos García (Mérida) e Ramón Muchacho (Chacao) foram condenados à mesma pena.


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