Folha de S. Paulo


Hiroshima recorda bombardeio e pede desarmamento nuclear

Jiji Press/AFP
Hiroshima Mayor Kazumi Matsui (R) offers a new list of A-bomb dead, people who died since last year's anniversary from the side effects of radiation, during the 72nd anniversary memorial service for the atomic bomb victims at the Peace Memorial Park in Hiroshima on August 6, 2017. A US B-29 plane dropped a bomb over the city at 8:15am on August 6, 1945, marking the first use of an atomic weapon which ultimately claimed the lives of some 140,000 people. / AFP PHOTO / JIJI PRESS / STR / Japan OUT
Na cerimônia, o prefeito Kazumi Matsui (à dir.) apresenta a lista de mortos pela radiação no último ano

Os japoneses relembraram neste domingo (6) o primeiro bombardeio atômico da história, lançado há 72 anos contra Hiroshima, cidade do sul do arquipélago.

Em 6 de agosto de 1945, às 8h15 locais, um bombardeiro B-29 americano batizado "Enola Gay" lançava nessa cidade a bomba atômica "Little Boy".

Três dias depois, outra bomba atômica, "Fat Man", devastou Nagasaki, o que levou à rendição japonesa, em 15 de agosto, e ao final da Segunda Guerra Mundial.

Com uma potência equivalente a cerca de 16 quilotoneladas de TNT, a bomba de Hiroshima causou uma deflagração que subiu a temperatura no solo a 4.000 graus. "Little Boy" provocou, naquele mesmo dia e nas semanas seguintes, 140 mil mortos.

Em Nagasaki, o ataque causou 74 mil vítimas mortais.

Coincidindo com este aniversário, o Japão volta a se deparar com a polêmica questão das armas nucleares.

Há um mês, o Japão se uniu a outras potências nucleares, entre elas Estados Unidos, França e Reino Unido, críticas ao tratado adotado recentemente pela ONU para proibir as armas nucleares.

A cerimônia deste domingo, no Memorial da Paz, começou com um minuto de silêncio. O prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, apresentou a lista de mortos pelos efeitos da radiação no último ano.

O primeiro-ministro Shinzo Abe afirmou que o Japão espera por um mundo sem armas nucleares.

"Para alcançar realmente um mundo sem armas nucleares, precisamos da participação tanto dos Estados nucleares como dos Estados não-nucleares", afirmou.

"Nosso país quer mostrar o caminho para a comunidade internacional" para avançar na direção da desnuclearização, acrescentou, sem mencionar o tratado da ONU.

O Japão criticou este tratado ao considerar que aumentava a distância entre os países que dispõem de armamento nuclear e aqueles que não o possuem.

Nenhum dos nove países que contam com um arsenal nuclear —Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, China, França, Índia, Paquistão, Coreia do Norte e Israel— participou nas negociações do acordo.

Hiroshima e Nagasaki são um símbolo que o mundo deve recordar sempre, consideram os japoneses.

As duas bombas atômicas lançadas pelos americanos precipitaram a capitulação do Japão no dia 15 de agosto de 1945 e, de fato, o fim da Segunda Guerra Mundial.

Muitos japoneses consideram a destruição dessas duas cidades como crimes de guerra, uma vez que os alvos foram civis e sua capacidade de devastação sem precedentes.

Enquanto isso, muitos americanos acreditam que estes bombardeios, que precipitaram o fim da guerra entre os Estados Unidos e o Japão, impediu a perda de mais vidas.


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