Os EUA anunciaram nesta quarta (26) a imposição de sanções econômicas a 13 autoridades do alto escalão do governo da Venezuela, responsáveis pela realização da Assembleia Constituinte, e das forças de segurança que reprimem protestos da oposição ao presidente Nicolás Maduro. Em quatro meses, 101 pessoas morreram.
Integrantes do governo de Donald Trump afirmaram à agência de notícias Reuters que as punições são um prenúncio do que ocorrerá se Maduro mantiver a eleição dos parlamentares que redigirão a nova Constituição, marcada para domingo (30).
Na primeira categoria estão a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, o ministro da Educação e presidente da comissão do Executivo para a Constituinte, Elías Jaua, uma de suas assessoras, María Iris Varela, além do defensor do povo, Tarek William Saab.
Em nota, o Departamento do Tesouro afirma que eles "estão incentivando ativamente as eleições da Assembleia Constituinte ou de alguma forma debilitando a democracia ou os direitos humanos na Venezuela".
Pela atuação nos protestos os punidos são o ministro do Interior, Néstor Reverol, o diretor da Polícia Nacional, Carlos Pérez, e seu antecessor, Frank García, o comandante da Guarda Nacional, Sergio Rivero, o comandante do Exército, Jesús Suárez.
As autoridades americanas acusam as duas forças de cometerem "detenções arbitrárias, supostos casos de tortura e outras violações de direitos humanos". Também foram incluídos dois dirigentes da petroleira estatal PDVSA e dois da cúpula do Centro Nacional de Comércio Exterior.
Maduro chamou de "ilegal, insolente e insólita" as sanções e disse que as autoridades foram punidas "por sua lealdade" ao governo. "São formas de pressão para ver se quebram o Estado venezuelano. [...] As sanções são uma vitória do Estado venezuelano, que está firme, de pé, e unido."
Com as sanções, os 13 terão contas bancárias, imóveis e outros ativos nos EUA bloqueados e não poderão fazer transações com americanos. Esta é a terceira vez que o Departamento do Tesouro pune aliados de Maduro.
O primeiro, em fevereiro, foi o vice, Tareck El Aissami, acusado de ligação com o tráfico internacional de drogas. Três meses depois foi a vez de oito membros do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) pelas decisões que, na prática, anularam a Assembleia Nacional, dominada pela oposição.
Após o anúncio, a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, disse que "todas as opções estão sobre a mesa" para punições a Caracas.
A sanção mais drástica seria interromper o pagamento das importações de petróleo venezuelano para os EUA.
A iniciativa, porém, é vista como contraproducente porque poderia agravar a crise humanitária no país caribenho e dar argumentos a Maduro para colocar a população contra a Casa Branca.