Folha de S. Paulo


Trump bane pessoas transgênero das Forças Armadas dos EUA

Em nova reversão de uma medida do antecessor Baracak Obama, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta quarta (26) que vai proibir pessoas transgênero de servir às Forças Armadas.

Em três breves publicações em uma rede social, o republicano alegou ter consultado seus generais e especialistas militares e afirmou que as Forças Armadas "precisam se concentrar na vitória decisiva e esmagadora e não podem ser sobrecarregadas com os tremendos custos médicos e distúrbios que envolvem os transgêneros".

A decisão atende a pressões de setores ultraconservadores e lobbies religiosos. Os custos "tremendos" que Trump cita dizem respeito a uma orientação do governo anterior para que o Pentágono arque com despesas de cirurgias e tratamentos médicos dessas pessoas como parte de seus planos de saúde.

A consultoria Rand, em levantamento divulgado no ano passado, estimou que o número de transgêneros em atividade nas Forças Armadas é de cerca de 2.500, num efetivo de 1,3 milhão. Os gastos com saúde, ainda segundo o estudo, representariam um acréscimo entre 0,01% e 0,13% no total destinado aos militares em serviço.

O anúncio de Trump veio pouco mais de um mês depois de a Câmara ter rejeitado, com apoio de parte dos republicanos, uma tentativa de sustar despesas do Pentágono com cirurgias e tratamentos médicos de transgêneros.

Em junho, o secretário da Defesa, James Mattis, havia suspendido por seis meses a incorporação de transgêneros às Forças Armadas.

O general disse então que a pausa visava permitir uma melhor avaliação sobre eventuais impactos da medida tomada por Obama —que passou a admitir transgêneros declarados no serviço militar. Mattis, porém, afirmou que não estava em questão um veto, como o anunciado agora.

No ano passado, em decisão polêmica, Obama comutou a pena de Chelsea Manning, militar transgênero que antes se identificava como Bradley Manning, responsável pelo vazamento de documentos das Forças Armadas e da diplomacia dos EUA. Manning cumpriu 7 dos 35 anos de sua pena de reclusão.

O anúncio de Trump foi saudado por representantes da ultradireita e causou previsível revolta entre advogados e ativistas LGBT, que prometem ir aos tribunais.

Desde que assumiu a Presidência, há pouco mais de seis meses, Trump já reverteu uma série de medidas de seu antecessor, como regulamentações econômicas e ambientais. Retirou os EUA do Acordo de Paris sobre o clima, da Parceria Transpacífico de comércio com outros 11 países e tem falhado seguidamente na tentativa de revogar a reforma da saúde.


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