Folha de S. Paulo


Fim do Obamacare avança no Senado com voto de minerva do vice dos EUA

Brendan Smialowski/AFP
Senator John McCain (R-AZ) leaves after a procedural vote on healthcare on Capitol Hill July 25, 2017 in Washington, District of Columbia. McCain, who is suffering from cancer, received a standing ovation from his colleagues as he entered the chamber, having made the trip from his home state of Arizona, where he was convalescing. / AFP PHOTO / Brendan Smialowski
John McCain deixa o plenário do Senado após votação sobre a lei de saúde

O Senado americano mostrou, nesta terça-feira (25), que está fortemente dividido sobre a discussão para substituir o Obamacare. Mesmo com maioria na casa, os republicanos só conseguiram abrir caminho para iniciar o debate do projeto com o voto de desempate do vice-presidente, Mike Pence.

O resultado antecipa que não será nada fácil chegar a um acordo sobre um texto para acabar com o Obamacare, uma das principais promessas de campanha do presidente Donald Trump.

Na tarde desta terça, dois dos 52 senadores republicanos votaram contra o início dos debates –as parlamentares Susan Collins, do Maine, e Lisa Murkowski, do Alasca, que se opõem à proposta da liderança republicana principalmente pela previsão de suspensão dos fundos federais para a organização de planejamento familiar Planned Parenthood, que faz procedimentos de aborto.

Em entrevista coletiva na Casa Branca, logo após a votação, o presidente Trump comemorou a vitória apertada, por 51 a 50.

"Estou muito feliz em anunciar que, com nenhum voto democrata, a moção para proceder com projeto de saúde avançou e agora vamos buscar um programa de saúde realmente ótimo para o povo americano. Esperamos por isso. Foi um grande passo", disse.

Trump ainda agradeceu o senador John McCain, que anunciou na última semana estar com câncer no cérebro e saiu do hospital para votar a favor do início do debate do projeto. McCain é um forte crítico do presidente e Trump já o criticou várias vezes também pelo Twitter.

"Gostaria de agradecer ao senador John McCain. Ele é um homem muito corajoso. Ele fez uma viagem difícil para chegar aqui", disse o presidente.

McCain foi aplaudido de pé pelos colegas ao chegar ao plenário, na tarde desta terça. Os senadores também o aplaudiram efusivamente após seu discurso, no qual ele pediu para que os colegas deixassem de lado as brigas partidárias.

"Não estamos aprovando nada, meus amigos. Não estamos fazendo nada", disse. "Tudo o que realmente fizemos neste ano foi confirmar Neil Gorsuch para a Suprema Corte."

Ele ainda destacou que o Legislativo é um "importante freio contra o Executivo". "Não somos subordinados ao presidente. Somos iguais a ele", disse.

Ainda não está claro que texto será votado pelos senadores. O líder da maioria na casa, Mitch McConnell, já teve que adiar os planos de votação diante da falta de apoio para passar o projeto.

Há resistência tanto entre os republicanos mais conservadores quanto entre os moderados.

De acordo com o levantamento do Congressional Budget Office (CBO), agência apartidária ligada ao Congresso, o plano de assistência à saúde apresentado por McConnell deixaria 32 milhões de americanos a mais sem cobertura ao longo da próxima década. A proposta que passou na Câmara deixaria 23 milhões, segundo o CBO.

Pence também havia votado para desempatar a votação que confirmou a filantropa Betsy DeVos como secretária de Educação, em fevereiro.

Pela legislação americana, o vice-presidente é também o presidente do Senado e pode votar apenas em situação de empate. Antes da votação sobre DeVos, a última vez que um deles havia precisado desempatar uma votação foi em 2008, quando o republicano Dick Cheney deu seu voto em um projeto de lei sobre impostos.


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