Folha de S. Paulo


'Nos arrependemos da última ligação apressada': príncipes William e Harry relembram Diana

Martin Keene/PA
Harry e William com Diana em abril de 1992
Os irmãos dizem que a mãe "conhecia a vida real fora dos palácios" e valorizava a diversão

Os príncipes William e Harry, da Inglaterra, falaram sobre a última conversa que tiveram com sua mãe, Diana, princesa de Gales, e dizem se arrepender de estarem "muito apressados" durante a ligação telefônica.

"Ela ligou de Paris. Não me lembro o que eu disse, mas me arrependerei pelo resto da minha vida que tenha sido uma ligação tão curta", disse Harry. A princesa Diana morreu naquela noite, dia 31 de agosto de 1997, em um acidente de trânsito. Harry tinha 12 anos e William, 15.

Os dois falaram em um documentário para o canal de TV britânico ITV, que relembra Diana 20 anos após sua morte. William afirmou que a última conversa com a mãe tem um peso muito grande em sua memória.

Diana ligou para falar com os filhos enquanto eles se divertiam durante férias com os primos em Balmoral, a casa da rainha Elizabeth 2ª na Escócia.

"Harry e eu estávamos com pressa para dizer 'tchau, a gente se vê logo'... Se eu soubesse o que iria acontecer, é claro que não teria sido tão blasé com isso e com tudo", disse.

William afirma que se lembra de detalhes da conversa com a mãe, mas preferiu não revelá-los.

O documentário "Diana, Nossa Mãe: Sua vida e Legado", que será exibido na próxima segunda-feira na Inglaterra, também traz fotos inéditas de Diana com os filhos.

Enquanto veem antigos álbuns da mãe, os príncipes falam de como suas lembranças de infância revelam outra face da mulher que ficou conhecida em todo o mundo pelas campanhas a favor dos sem-teto, de vítimas da Aids e da proibição de minas terrestres –e pelo escândalo de sua separação do príncipe Charles.

PIADISTA

Ao mencionar o senso de humor da mãe, Harry disse que ela "era completamente criança". "Quando alguém me pede um exemplo de como ela era divertida, só consigo ouvir sua risada na minha cabeça."

"Uma das coisas que ela me dizia era: 'pode aprontar o quanto quiser, mas não seja pego'. Ela era a mãe mais travessa. Ia nos assistir jogando futebol e colocava doces dentro das nossas meias", conta.

William disse que a mãe era "muito informal e adorava dar risada e se divertir". Ela frequentemente enviava aos filhos os cartões "mais grosseiros que você pode imaginar", afirmou.

"De vez em quando eu estava na escola e recebia um cartão da minha mãe. Ela geralmente encontrava cartões hilários e muito vergonhosos e escrevia coisas lindas dentro. Mas eu não tinha coragem de abrir na frente dos professores, nem dos colegas."

Uma das memórias "mais engraçadas" do primogênito de Diana foi chegar em casa, no Palácio de Kensington, e descobrir que a mãe havia lhe pregado uma peça convidando as supermodelos Cindy Crawford, Christy Turlington e Naomi Campbell para um lanche.

"Eu era um garoto de 12 ou 13 anos que tinha pôsteres delas nas paredes", relembra.

"Fiquei muito vermelho, não sabia o que dizer e acho que caí da escada enquanto subia correndo. Fiquei completamente impressionado."

'VOVÓ DIANA'

No início do mês de julho, os príncipes participaram de um memorial no túmulo da mãe em Althorp House, Northamptonshire, no dia em que se celebraria seu aniversário de 56 anos.

Harry admitiu só ter chorado duas vezes pela morte da mãe –uma delas foi em seu funeral, em 1997. "Ainda tem muito luto que precisa ser liberado", disse à ITV.

William, que compareceu ao memorial com a duquesa de Cambridge, Kate Middleton, e os filhos, príncipe George e princesa Charlotte, disse que mantém a memória da mãe viva para os filhos "falando o tempo todo sobre a vovó Diana".

"Ela seria uma avó maravilhosa, ia adorar e amaria muito as crianças. Mas ela também seria um pesadelo de avó", brinca.

"Ela provavelmente apareceria na hora do banho deles, faria uma confusão enorme, deixaria sabão e água da banheira espalhados por todos os cantos e iria embora."

PA
Príncipe Harry e príncipe William
Harry e William, que têm 32 e 35 anos respectivamente, dizem querer manter o legado da mãe vivo através de seu trabalho

William e Harry falaram do palácio de Kensington, onde irão inaugurar uma estátua da mãe no 20º aniversário de sua morte. Eles também participarão de um documentário da BBC sobre Diana.

Segundo William, participar dos programas foi "assustador" para os irmãos no início, mas acabou sendo "um processo de cura".

"Não vamos fazer isso de novo –não vamos falar mais tão abertamente ou publicamente sobre ela, porque esperamos que esses filmes mostrem o outro lado, da família e de amigos próximos, que as pessoas podem não conhecer. São pessoas que a conheciam bem, que querem proteger sua memória e lembrar às pessoas de quem ela era."

Os irmãos afirmam também que querem manter o legado da mãe vivo em seu próprio trabalho humanitário.

"Para mim e para William ela era a melhor mãe do mundo", disse Harry.

"Foi difícil e continua sendo difícil. Não há um só dia em que nós não desejemos que ela estivesse aqui e pensemos sobre que mãe ela seria, que tipo de trabalho ela teria e qual a diferença que estaria fazendo nas vidas das pessoas."


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